domingo, 19 de dezembro de 2010

CONSIDERAÇÕES PARA O 2° MÓDULO

Como eu já havia escrito anteriormente, o  blog FLOR ESSÊNCIA foi criado com o objetivo de postar os trabalhos realizados no Curso de Especialização: Ética, Valores e Saúde na Escola da Universidade de São Paulo.
Esse 2°módulo, que se iniciou dia 11 de outubro e se encerrou dia 11 de dezembro, teve como temas: Saúde e Educação, que foram apresentados em  duas disciplinas, com 28 vídeo-aulas, além da tutoria de projetos, que é uma atividade presencial ocorrida uma vez por semana.

As duas disciplinas, desse 2°módulo, foram:
-Educação e Construção de Valores: -14 vídeo-aulas.
-Saúde na Escola: -14 vídeo-aulas.

Esse trabalho, que você lerá, é fruto de reflexão, síntese, elaboração das video-aulas assistidas, dos textos indicados e lidos, e da pesquisa e leitura de autores para complementar a apresentação.
Foi um trabalho intenso, profundo, amplo... e que, por isso, resultou para mim em aprendizado, crescimento e satisfação.

E como diz Virginia Mae Axline:
"Parece haver uma força poderosa dentro de cada indivíduo que luta continuamente para uma completa autorealização. Esta força pode ser caracterizada como uma corrida para a maturidade, independência e autodireção. Tal corrida vai inexoravelmente alcançar a consumação, mas necessita de "bom terreno" para que se desenvolva uma estrutura bem equilibrada.
Como uma planta precisa de sol, chuva e terreno rico e bom para atingir seu crescimento máximo, assim também  o indivíduo, para atingir a satisfação direta desse impulso de crescimento, necessita de condições favoráveis para ser ele mesmo; da completa aceitação de si - tanto por ele mesmo quanto pelos outros - e atingir a dignidade, direito nato de todo ser humano.
Crescimento é um processo de mudança em espiral - relativo e dinâmico.
...Tudo está constantemente mudando, desenvolvendo-se, intercambiando-se, e assumindo vários graus de importância para o indivíduo à luz da reorganização e integração de suas atitudes, pensamentos e sentimentos.
...Foi essa flexibilidade, observável na personalidade e no comportamneto, que abriu a porta para que se admitisse o elemento de esperança e uma maneira positiva de considerar os indivíduos que desde o início pareciam derrotados. Quando o indivíduo toma consciência do papel que pode desempenhar na direção de sua própria vida, e quando aceita a responsabilidade que acompanha a liberdade dessa autoridade - é aí que está capacitado a fixar seu curso de ação com mais determinação e perfeição".

Com essa compreensão e visão, que possamos cuidar do nosso ser como uma planta única, portanto, rara e que necessita de cuidados diários para se desenvolver...
E com essa consciência e experiência, que  possamos ser cuidadores de plantas únicas, raras, que são nossos alunos, estimulando-os, através do nosso exemplo e das nossas práticas em sala de aula e na escola, a também serem cuidadores de si, da sociedade em que vivem e do planeta em que habitam:
Refletindo, aprendendo e buscando fazer a diferença e  acender luzes onde quer que estejam.

Termino desejando-lhes Florescência, FLOR ESSÊNCIA
                                                                         
                                                                      Márcia Maria dos Santos Solha
                                                                                      dezembro/2010


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

(2°) Vídeo-aula 28 - Depressão na infância e adolescência

                                               


2°Módulo – Vídeo-aula 28: Depressão na infância e adolescência

Começo esse trabalho com as palavras sábias de Rainer Maria Rilke, em seu livro Cartas a um jovem poeta”.

“ Também não se deve assustar, caro Sr.Kappus, se uma tristeza se levantar na sua frente, tão grande como nunca viu; se uma inquietação lhe passar pelas mãos e por todas as ações como uma luz ou a sombra de uma nuvem. Deve pensar então que algo está acontecendo em si, que a vida não o esqueceu, que o segura em sua mão e não o deixará cair.
Por que deseja excluir de sua vida toda e qualquer inquietação, dor e melancolia, quando não sabe como tais circunstâncias trabalham no seu aperfeiçoamento ? Para que perseguir-se a si mesmo com a pergunta: de onde pode vir tudo aquilo e para onde vai ? Não sabia estar em transição ? Deseja algo melhor do que transformar-se ? Se algum ato seu for doentio, lembre-se de que a doença é o meio de que o organismo se serve para se libertar de um corpo estranho; é só ajudá-lo a ficar doente, ter toda a sua doença e deixar a esta o seu curso. Em si, caro Sr.Kappus, está acontecendo tanta coisa. Deve ter a paciência de um doente e a confiança de um convalescente, pois talvez seja um e outro. Mais ainda: o senhor é também o médico que se deve vigiar a si mesmo.
Em muitas doenças, porém, há dias em que o médico nada pode fazer senão esperar. É o que o senhor deve fazer agora, porquanto é seu próprio médico.
 Não se observe demais. Não tire conclusões demasiadamente apressadas do que lhe acontece: deixe as coisas acontecerem.
...O “grandioso” não foi aquilo que o senhor pensa ter cumprido.
...Lembra-se como esta vida, desde a infância, aspirava aos “grandes”. Vejo-a abandonar agora o grande para chegar aos maiores. Eis por que não cessa de ser difícil, mas tão pouco cessará de crescer .
 Se lhe puder dizer alguma coisa mais, é isto: não pense que aquele que o procura consolar leva uma vida descansada no meio das palavras simples e discretas que às vezes fazem bem ao senhor. A vida dele comporta muito sacrifício e muita tristeza e fica-lhes muito atrás. Mas se assim não fosse, ele nunca podia ter encontrado aquelas palavras.”

A característica da sociedade atual é o imediatismo e o consumismo:  o desejo da imediata gratificação, a busca pelo alívio rápido, o ter sobrepondo o ser,  o descarte do que se tem e a atenção sobre algo novo que saiu...numa busca desenfreada ., sem fim...
Daí tanta doença, tanta gente se anestesiando com as drogas ilícitas e com as drogas lícitas.
O Brasil é um dos campeões em venda de remédios psicotrópicos.
E as pessoas estão perdendo a oportunidade de irem mais fundo em si mesmas, de se conhecerem no processo da vida e, com isso, se sentirem protagonistas, autores e atores da sua história de vida pessoal e da história do seu tempo.
Dessa forma, a busca fica sendo pelo corpo, moda e demais ditames da sociedade, onde se busca corresponder aos apelos de fora para dentro, esquecendo, emudecendo os apelos, os clamores de dentro, e a necessidade de expressão desse ser traduzidas em tudo que se faz, em como se vive.
Quando essa tristeza à que Rilke se referiu se achega à mim, eu digo à mim mesma que estou com dores de parto, que algo “novo” quer nascer em mim, de mim... Daí, mesmo com certo incômodo, como que tripidando, eu busco ficar serena para poder ouvir, dar vez e voz ao meu ser. E se o clamor é tão forte, e daí a tristeza, a dor, é porque é algo importante que devo sentir, pensar e fazer e de forma integrada.
Fico imaginando a quantidade de pessoas que ao sentirem isso que Rilke descreveu tão bem, ou mesmo outras que estão vivendo momentos de lutos, traições, decepções e que simplesmente se anestesiam e não se possibilitam trabalhar internamente, digerindo, elaborando seus sentimentos, emoções... E se utilizam da química que meramente lida com  o sintoma e não trabalha as causas...

A partir dessas reflexões mencionarei as definições trazidas nessa vídeo-aula.
Porém além das observações já feitas, quero levantar a questão de que uma criança ou adolescente com esses sintomas pode, ao invés de estar doente, ser o elemento da família que mais tem consciência dos problemas ali existentes e que apresenta os sintomas por não conseguir lidar com isso, ou, também,  pode haver questões anteriores em sua vida que não ficaram bem resolvidas e frente a uma nova etapa fica  ainda mais difícil para ela superar.
Portanto o medicamento se faz necessário somente em casos muito graves, onde só a psicoterapia e outras intervenções (atividades artísticas, esportivas, participação em projetos etc...) se mostraram insuficientes.
Há que se tomar muito cuidado com o “rótulo”/diagnóstico (DEPRESSÃO) que mais pode atrapalhar do que efetivamente ajudar.

As definições apresentadas nessa vídeo-aula:
Depressão é um transtorno de humor ou afeto: sentimento de tristeza profunda, associado com sintomas fisiológicos e cognitivos na pessoa. E esse conjunto de sintomas devem estar presentes mais de um mês para que haja o diagnóstico.
Segue-se critérios diagnósticos do CID 10 e DMS IV.

As causas que compõe a etiologia da depressão (multifatorial):
-Biológicas: genética, estrutura e química do cérebro
-Psicológicas: estresse, traumas, desamparo, forma de perceber e de lidar com o mundo.
-Sócio-culturais: papéis, expectativas, suporte social

As crianças e os adolescentes são tão suscetíveis quanto os adultos e isso interfere na vida diária, nas relações sociais e acadêmicas. E  pode haver recorrência na idade adulta.

Prevalência:
Crianças pré-escolares: 1%
Crianças em idade escolar: 2 a 4%
Adolescentes: 5 a 8%

Distribuição entre os sexos:
-similar na infância
- adolescência e adultos : prevalência do sexo feminino

Fatores de risco para o desenvolvimento da depressão quando falamos de crianças e de adolescentes:
-Histórico familiar de depressão
-Sexo feminino
-Episódios anteriores de depressão
-Acontecimentos estressantes
-Dependência de droga
-Violência doméstica
-Elevada exigência acadêmica

Tratamentos:
Medicamentoso
Psicoterapia
Suporte familiar
Psicoeducação: rede de apoio social (escola, trabalho, amigos)
Fortalecer as condições que garantam a busca por ajuda em todos os contextos (família, trabalho, escola, comunidade).
Inserir essa criança e adolescente numa rede social, com todos os contextos em que ela vive.

E a Prof° Paula enfatiza:
“E que haja uma interlocução do professor, com os pais, com a criança, com o psicólogo, com o psiquiatra para que a gente consiga ter um contexto inteiro para favorecer o desenvolvimento integral dessa criança. É só dessa maneira que a gente consegue ter uma diminuição desses sintomas depressivos, dessa depressão, para que ela cresça com qualidade de vida, que é o que a gente busca.

E a Prof° Paula  diz: “A gente sempre vai ter problemas. O que a gente tem que mudar é a maneira de lidar com eles”.

E eu finalizo utilizando uma frase de Sartre:
“Não importa o que fazem da gente, mas o que fazemos com o que fazem da gente”.

                                  Márcia Maria dos Santos Solha
                                        Dezembro/2010
Vídeo sobre depressão na adolescência:

(2°) Vídeo-aula 27 - Stress e ansiedade na infância e adolescência


                                      

"Tudo é uma questão de manter:
a   mente  quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo !
A toda hora , a todo momento, de dentro pra fora  e de fora pra dentro.
A toda hora, a todo momento, de dentro pra fora e de fora pra dentro.             Walter Franco
                                                                 
                                                                                                
 
2°Módulo – Vídeo-aula 27: Stress e ansiedade na infância e adolescência

“O estresse tem acompanhado o ser humano em toda a sua história. Se nossos antepassados não o sofressem, certamente ainda moraríamos em cavernas e não teríamos nenhum dos recursos que enriquecem a nossa vida moderna.
Mal gerenciado, entretanto, pode ser causador de doenças e sofrimento.

É preciso e possível enfrentar o estresse diário de forma saudável e eficiente, minimizando seus efeitos destrutivos e otimizando seus aspectos construtivos, incorporando novas atitudes e conceitos ao seu estilo de vida, num processo  em busca de uma melhor qualidade de vida”.
                                                                       Dr.Tabajara Dias de Andrade

A palavra stress ou estresse significa aperto ou opressão.
É uma exigência sobre as capacidades de adaptação da mente e do corpo. Com freqüência é um motivador para um desempenho máximo. É necessário limitar os efeitos prejudiciais.
Portanto o estress pode ser bom ou mau; existe inúmeros fatores estressores.
O que o aciona, não são apenas os acontecimentos, mas, principalmente, nossa interpretação desses acontecimentos e reação à eles.
Portanto alterar a maneira de compreender o que se passa conosco e os fatos que nos atingem, e buscar ter uma ação mais adequada e efetiva, é o caminho para administrarmos, gerenciarmos o estresse e promovermos saúde e  qualidade de vida, e  também, prevenirmos doenças.

Pois se sabe que se a exigência sobre a pessoa estiver acima da sua capacidade, ela poderá se sentir supertensa e até oprimida e isso ser um fator desencadeante de stress.
Porém, se a exigência estiver muito abaixo da sua capacidade, ela se sentirá entediada e desestimulada.

O que causa o estresse ?
Um estressor (estímulo desencadeante) + a reação (interpretação mental / avaliação cognitiva)
Um estressor é um estímulo com potencial de ativar a resposta de luta-fuga que acontece no nível do Sistema Nervoso Autônomo (não a desejamos conscientemente). O perigo é quando acionamos frequentemente ou cronificamos, permanecendo em estado de alerta quando o corpo começa a sentir os seus efeitos.

A Prof.Paula iniciou a vídeo-aula nos falando que há muitos estímulos, de todos os cantos do planeta entrando em nossas casas, em nossa vida.
O mundo de hoje: mais modernidade, mais tecnologia, mais pressão, mais cobranças, mais agitação, mais competitividade e menos cooperação, menos espírito de equipe, menos solidariedade.

E nos lançou as seguintes reflexões:
Como orientar nossos alunos, principalmente, as crianças e os adolescentes, para que tirem o melhor de suas capacidades e sejam felizes ?
Como ajuda-los a não se tornarem crianças, adolescentes ou adultos ansiosos e estressados ?
Qual o papel da escola nesta área ?

Ansiedade:
Características biológicas e psicológicas que antecedem momentos de perigo (real ou imaginário), marcada por sensações corporais, sensação de vazio no estômago, taquicardia, sudorese, medo intenso, aperto no peito, rubor, calafrios, confusão, “nó” na garganta, etc...
A ansiedade nem sempre é ruim, pois é uma energia que move a gente.
O problema é quando a ansiedade é demasiada e impeça que a pessoa viva outras coisas.

Stress infantil: há fatores internos e externos
Depende da interpretação do que acontece e do nível de desenvolvimento emocional (da estrutura emocional), para lidar com os estímulos externos que podem ser desencadeantes do stress.
Existem crianças praticamente invulneráveis às tensões da vida,  e outras são muito sensíveis. A maneira como a criança lida com seu stress e a sua ansiedade vai determinar sua resistência às tensões da vida adulta.
Vai da vulnerabilidade de cada um ,e eu acrescento, além disso, da sua resiliência.

Quando não tratado pode trazer conseqüências como: asma, úlceras, alergias, distúrbios dermatológicos, diarréia, tiques nervosos, dores abdominais, resistência reduzida (vulnerabilidade à outras doenças), hipertensão arterial, obesidade e bronquite.
Depressão; pânico; fobia.

E a Prof°Paula enfatiza a importância do papel do professor nesse processo, e que isso se dá através da melhoria da sua relação com o aluno em sala de aula.
Ressalta que o professor é modelo.

E finaliza dizendo:
“A ansiedade e o stress infantil não se manifestam isoladamente. É preciso promover  a saúde da criança e do adolescente para que consigam enfrentar as mudanças que ocorrem em suas vidas, minimizando as conseqüências do stress e da ansiedade. O objetivo é um desenvolvimento mais saudável na escola, em casa, no esporte, no lazer”.
                                                    
                                              Márcia Maria dos Santos Solha
                                                         dezembro/2010

Vídeos sobre:
Stress na adolescência
Stress na infância

(2°) Vídeo-aula 26 - O fenômeno do Bullying

2°Módulo – Vídeo-aula 26: O fenômeno do Bullying

Não podemos confundir o comum com o normal.
Precisamos sim manter acessa, viva, nossa indignação, assim como a nossa esperança.
A indignação mantem nossos olhos, ouvidos, bocas... abertos para denunciar, repudiar, reivindicar; e também lutar, conquistar, fazer acontecer...E claro,  em nome da esperança: de tempos melhores, mais justos, mais humanos.
INDIGNAÇÃO e ESPERANÇA... é disto que temos que estar munidos, plenos, para o exercício da cidadania, para expressarmos a ética (diária, cotidiana).
O poeta Thiago de Mello disse: "o que ainda “salva” o ser humano é o seu poder de indignação, caso venha a perde-lo, o que será dele ?
O que será de todos nós ?"

A Prof° Kátia Pupo definiu bullying como atitudes agressivas, intencionais e repetidas e que ocorrem sem motivação evidente.
Há uma desigualdade de poder e capacidade de defesa.
E, infelizmente, os jovens acham que é inevitável.

Já na década de 70 um sueco começou a estudar o assunto e desenvolveu um programa.

As pesquisas no Brasil começaram em 2003 através da ABRAPIA:
-40,5% dos jovens e adolescentes vivenciaram dentro da sala de aula e na frente de um adulto.
-50% não denunciam

É importante diferenciar a brincadeira de mau gosto do bullying:
-Ação repetida e intencional
-Duração prolongada
-Falta de motivação
-Desequilíbrio de poder
-Impossibilidade de defesa

-É realizado por uma pessoa ou um grupo. E às vezes o mentor não pratica.

-Há níveis: do menos perverso, até chegando à patologia.

-O aluno, dependendo da situação que está vivendo pode, temporariamente, se tornar agressor.

-Expectadores: ativos ou passivos; alimentam impunidade e contribuem para o crescimento do bullying.
Pois, se indignar quando acontece diminuiria e esse é o tipo de interferência que a escola pode fazer.
E A ESCOLA PODE ATUAR NESSA DIREÇÃO !

Cyberbullying ou Bullying virtual:
Quem pratica mais são os adolescentes e jovens.
Muito mais amplo, não se restringe ao espaço da escola.
Anonimato, perfis falsos, gera impunidade e aumenta o fenômeno.
É passível de ação penal.

As consequências do bullying vão dos problemas físicos, psicológicos, sociais, podendo chegar ao suicídio ou homicídio.

Intervenções possíveis antibullying:
Conscientização; sensibilizar a comunidade; criar na escola um  ambiente solidário, ético, de confiança; discutir regras de convivências e estabelecer limites claros; dar apoio e proteção às vítimas; aplicar sanções sem tolerância em casos de bullying.

E a Prof° Kátia conclui: “ A ação integrada dentro da escola pode minimizar esse fenômeno”.

  Márcia Maria dos Santos Solha

dezembro/2010
                          

(2°) Vídeo-aula 25 - Práticas de cidadania


2°Módulo – Vídeo-aula 25: Práticas de Cidadania

“Pois aqui está a minha vida
Pronta para ser usada.
Vida que não se guarda,
Nem se esquiva, assustada.
Vida sempre à serviço da vida.
Para servir ao que vale a pena
E o preço do amor”
                                                                                   Thiago de Mello

A Prof°Patrícia Junqueira Grandino nos falou sobre o desenvolvimento e elaboração de projetos de atenção direta à comunidade.

E o referencial adotado é a perspectiva psicossocial sobre a realidade social:
-A realidade é construída historicamente.
-O sujeito humano é sujeito histórico, portanto é produtor dessa realidade e, também, é determinado pela realidade social.
-Aquisição de conhecimento = acúmulo histórico e produção de sentido.

A perspectiva construcionista da abordagem psicossocial considera que são as representações sociais que orientam as ações de todas as pessoas. É preciso compreendê-las, bem como compreender o sentido pessoal que cada um atribui às experiências, caso se objetive interferir nas ações.

Portanto, caso queiramos efetuar uma intervenção junto à  diferentes comunidades, desenvolvendo projetos educativos ou de promoção de saúde, é preciso estabelecer uma interlocução constante, parcerias  com pessoas que lá vivem, que objetivem a regulação das relações e a aproximação de saberes (científico e popular), evitando, assim, a discrepância de sentido e a resistência.

Tendo esses pressupostos como base podemos definir as Etapas para a Elaboração de Projetos de Atenção Direta com vista à promoção de saúde, projetos sócio-educativos e que usem o reconhecimento e a efetivação da cidadania humana.
1-Reconhecimento, caracterização e contextualização do campo onde o projeto quer ser desenvolvido.
2-Estabelecimento de parcerias com comunidades alvo e seus representantes: conhecer a dinâmica da comunidade, e essa relação de parceria deve ser simétrica e horizontal.
3-Levantamento conjunto das demandas a serem atendidas: questões fundantes e verdadeiras causas daquele problema que a comunidade apresenta.
4-Problematização das demandas e definição dos temas propostos: alcançar as razões de fundo geradoras dos problemas que a comunidade apresenta.

Etapas para a Elaboração de projetos de Atenção Direta:

1-    Objetivos (que se pretende ser atingidos).
2-     Definição do público alvo (deriva dessa investigação o diagnóstico importante que deve ser realizado no início do programa).
3-    Metodologia e estratégia de intervenção (traçar as melhores estratégias que possam ser elencadas para se atender os objetivos propostos. A metodologia, a estratégia é o procedimento escolhido para atingir, atender os objetivos, e não o contrário).
4-    Resultados esperados (o que se pretende alcançar, para depois poder avaliar os efeitos, o impacto e a continuidade de um projeto).
5-    Cronograma (ele organiza e possibilita um planejamento mais efetivo das ações desse projeto; baliza a seqüência das etapas que deverão ser cumpridas; e evita a dispersão).

                          
Importante reflexão e ferramenta apresentadas para a elaboração de projetos junto à comunidade com nossos alunos.
Elas trazem efetivamente a vivência do exercício da cidadania, tão necessários para a formação do aluno, e possibilitam que ele se perceba como sujeito histórico e, portanto, agente de transformação.

                                           Márcia Maria dos Santos Solha
                                                       dezembro/2010

(2°) Vídeo-aula 24 - Mídia e Comportamento


2°Módulo – Vídeo-aula 24: Mídia e Comportamento

A Prof° Lilia Freire Rodrigues de Souza Li nos falou que vivemos num mundo multimídia e as conseqüências de tanta exposição de crianças e adolescentes e por tantas horas, são inúmeras.

A infância e adolescência é um período dinâmico de grandes transformações onde se estabelecem atitudes, conceitos e valores, formam condutas.
Constitui o período de maior vulnerabilidade à influências externas.

A socialização é um processo onde se interioriza valores, crenças, atitudes e normas de conduta.
E a mídia constitui um importante meio de socialização.

Mídia: TV, cinema, impressos (revista, gibis, livros), música, computador, videogames, celular, muttimídia.

Tempo gasto de crianças e adolescentes usando mídia é, em média, 6 horas e 32 minutos, perfazendo 35 a 55 horas por semana.

Influência da mídia:
-Crianças são influenciadas pela mídia pois aprendem pela imitação, observação.
-Experiência prévia à violência correlaciona com comportamentos agressivos
-Crianças menores de 8 anos não diferenciam entre fantasia e realidade e são mais vulneráveis.

Ela salientou a violência tão presente nos programas, filmes, até mesmo infantis, e que a exposição prolongada traz problemas físicos e mentais; condutas agressivas; dessensibilização à violência; medo ; depressão; pesadelos; distúrbios de sono.

O mesmo se dá em videogames, que é uma mídia com interação.
Em crianças há o aumento de pensamentos agressivos e respostas violentas com retaliação e provocações.
É responsável por 13 a 22% do comportamento violento de adolescentes.
Os jogos viciam e fazem com que se aumente o tempo gasto com eles. E a repetição aumenta seus efeitos.

Outro aspecto a que deu ênfase foi a sexualidade, e comentou que a mídia tem se tornado o principal educador sexual. Sendo que, ao abordar esse tema, é necessário falar em autoestima, interação, sentimentos envolvido na sexualidade.

Falou também da influência na ingestão de bebidas alcoólicas por adolescentes.

E do efeito da mídia como substituto de outras atividades. O mundo virtual está se tornando cada vez mais interessante, levando as crianças e adolescentes a fugirem do mundo real, concreto e, com isso, pondo em  prejuízo seu crescimento e desenvolvimento social.
Devemos salientar também o sedentarismo que pode acarretar doenças físicas. E esse afastamento do contato físico com pessoas e com o mundo real,  pode desenvolver problemas emocionais.

No final aponta a necessidade do professor em educar sobre mídia.
E foi lançada a pergunta:
 “Como podemos discutir esse assunto no ambiente escolar ?”

A partir do que foi apresentado complementou dizendo que, conscientes dessas influências, precisamos buscar meios, formas, caminhos de proteger a criança e o adolescente sobre esse uso excessivo.
E eu adiciono que isso deve se dar através de uma ação conjunta: escola, família e sociedade.
                                                       Márcia Maria dos Santos Solha
                                                                   dezembro/2010

(2°) Vídeo-aula 23 - Uso de substâncias psicoativas


"Encharcado do prazer químico..., isso me torna insensível à vida, estou abduzido da vida e com uma sensação artificial, química, de bem-estar". 
                                                                   Dra Maria Aparecida Afonso Moisés



2°Módulo – Vídeo-aula 23: Uso de substâncias psicoativas

A Prof° Renata Azevedo começa esclarecendo que usará o termo substâncias psicoativas , pois é mais amplo que drogas ou substâncias narcóticas.
Agem no sistema nervoso central e produzem alterações de percepção, de sentimentos, de sensações, percebidas como prazerosas e por isso são tão procuradas e buscadas.
Além das substâncias ilícitas, entram também o álcool, o tabaco e vários medicamentos que até podem ser prescritos mas, se usados de forma abusiva, excessiva, podem caminhar para a dependência.

Há uma classe grande de substâncias psicoativas, bastante diferentes entre si, mas tem em comum o fato de produzirem alteração senso-perceptiva.

As diferenças:
-Umas são lícitas: álcool e tabaco
-Outras são ilícitas
-Uma outra diferença muito importante é a forma como elas agem no nosso cérebro, o tipo de alteração que elas vão produzir. Portanto a pessoa busca um tipo de efeito específico (cada droga tem um efeito, portanto são diferentes entre si ).
-Padrão de uso anárquico: é a mistura de substâncias da mesma classe ou de classes diferentes, no mesmo episódio de uso, aumenta o risco do potencial dano.

Na última década houve descobertas importantes, e para o tratamento os componentes ambientais, sociais, genéticos e neurobiológicos precisam ser contemplados.
A dependência está ligada a fatores biológicos, sociais e psicológicos, de personalidade.

Razões para que o uso de droga seja objeto de preocupação para a sociedade atualmente:
1-Uso tem crescido: com mais freqüência as pessoas tem lançado mão da "felicidade química". Reflexo da sociedade de consumo , onde se busca o prazer imediato, se divertir = se alterar.
2-Idades mais precoces: 11 anos e meio é a idade média de experimentação, incluindo álcool e tabaco. Organismo e personalidade em formação.
Sempre é potencialmente danoso, mas entre crianças e adolescentes, é pior.
3-Consequências: individuais  e coletivas  (relacionamento; desempenho escolar; ocupacionais; acidente de trabalho; familiares; doenças)

E se o uso é tão danoso, por que as pessoas continuam experimentando drogas e numa quantidade maior e potencialmente mais danosa ?
1-Infelizmente, a idade onde essa experimentação acontece é na adolescência, que é a idade da curiosidade, daí a importância do papel dos pais, da família, dos professores para que informados e capacitados possam conversar cotidianamente com os jovens, passando-lhes informações sérias e verdadeiras.
2-Vulnerabilidade: alguns adolescentes tem uma maior vulnerabilidade para essa experimentação, além  da curiosidade que faz parte da fase da vida.
É um conjunto de sentimentos: autoestima; desempenho escolar; aparência; socialização negativa; não se sentem felizes, incluídos, ficam mais vulneráveis ao uso de drogas.
Ou quadro psíquicos de depressão, ansiedade, fobia social.
3-Forma artificial de produzir felicidade  e pode ser estimulada pela família: “Estou chateada vou ao shopping”.
É fundamental que o jovem tenha informações de qualidade e modelos de qualidade.

Prevenção secundária:
Na detecção, verificar a freqüência  de uso e buscar ajuda profissional.
Evitar que esse padrão de uso caminhe para a dependência.
Todo o nosso esforço é para que a intervenção na adolescência aconteça para que a dependência não se instale.

Se a dependência já está instalada:
1-Psicoterapia (abordagem cognitiva-comportamental)
2-Medicação: para os sintomas de abstinência e a presença de comorbidades (depressão etc)

E a Prof° Renata finalizou dizendo:
“Portanto, mais bem informado (o que é essa substância; riscos que ela implica), possibilita ao jovem tomar decisões quando a possibilidade de uso se apresentar.
O que se sabe atualmente é que ter informação sobre drogas pode não ser suficiente para evitar o uso delas. Porém, não ter informação, certamente, aumenta muito a chance desse uso acontecer."

E ficou lançada a pergunta:
Como posso abordar o assunto de substâncias psicoativas na sala de aula ?

Eu respondo dizendo que o professor precisa ser capacitado, orientado para isso, para não cair no senso-comum, no moralismo.
E levar uma proposta de abordagem diferenciada e bem fundamentada,  para que possa ser acolhida pelos alunos e agregar valor, fazer diferença na vida deles.

                                               Márcia Maria dos Santos Solha
                                                         dezembro/2010


Vídeo:
tóxico dependência

(2°) Vídeo-aula 22 - Diversidade, pluralidade cultural




ERA UMA VEZ...







2°Módulo – Vídeo-aula 22: Diversidade, pluralidade cultural na escola

Esse tema me remeteu à estória do “Patinho Feio”, que trata, ao mesmo tempo, da questão da diferença e discriminação e , também, enaltece a necessidade da busca da identidade.
Essa busca que é árdua, sofrida, tal qual uma jornada de herói, é imprescindível e, também, muito gratificante...
E ela  nos leva a concluir que: somos únicos, portanto, somos todos diferentes!

O perigo é nos acomodarmos às denominações recebidas e não irmos mais à fundo em nós mesmos, ou até virmos a nos descaracterizar como aconteceu na estória: “A Águia que quase virou galinha”.

Essas estórias trazem reflexões profundas e pertinentes de como se dá o processo de desenvolvimento humano.
Enfatiza, também,  a importância fundamental do autoconhecimento e da autoestima para que possamos ocupar o nosso lugar no mundo, seguir em direção aos nossos sonhos e fazer a diferença onde quer que estejamos.

A  Prof° Daniele Kowalewski falou que precisamos refletir quais são os valores contemplados para que uma educação que visa a diversidade seja possível.

E falou:
A  diversidade no Brasil é uma marca não só presente nas escolas, mas em toda a nossa vida social. E que nas escolas pudemos sentir mais claramente depois da década de 90, quando todos passaram a ter acesso à educação pública.

Apesar de ser usados como sinônimos há diferenças etimológicas nas palavras:
Diversidade; Pluralidade, Multiculturalismo.

Igualdade de todos ou a diferença de cada grupo específico ou a diferença de cada um das identidades.

Trouxe  uma classificação sobre a questão da diferença dos autores Silvia Duschatzky e Carlos Skliar:
1-    O outro como fonte de todo mal : a diferença fosse de todo mal
2-    O outro como sujeito pleno de uma marca cultural: preso numa marca de cultura e não tivesse outra característica. A que a Prof°Daniele usa o termo de essencialização da diferença.
3-    O outro como alguém a tolerar: essa pode parecer a classificação menos perversa, mas não é.
É importante levar em conta esses aspectos, pois existe uma tensão inerente à esse tema da diversidade na escola, e também na sociedade como um todo.

E a Prof° Daniele trouxe o seguinte histórico:
-Constituição de 1988: o tema da pluralidade cultural é abordado.
-LDB em 1996 trouxe parágrafos se referindo à isso.
-Mas somente em 1998 com a publicação do PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) que a pluralidade cultural apareceu como um dos temas transversais ao lado de Ética; Saúde; Meio Ambiente; Sexualidade; Trabalho; Consumo. Não como uma matéria que deva ser diretamente aplicada, mas um tema que atravessa todos os segmentos da nossa educação.
-Lei 10.639 de 2003  torna obrigatória: história da África e da cultura afrobrasileira
-Lei 11.645 de 2008 complementa e estende essa obrigatoriedade também para a cultura indígena nos nossos currículos
-Em 2005 é publicada a Diretriz Curricular Nacional para a educação ético racial e para a história da África e cultura afrobrasileira.
-Em 2007: publicação do Programa Ética e Cidadania.
-Em 2010 um novo marco: “Estatuto da Igualdade Racial”.

Ela salientou que para essas conquistas, a militância, a luta dos grupos ( negros e índios), foi fundamental.

Alguns conceitos que esse Estatuto traz:
-Discriminação passa a ser definida como distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em etnia, descendência ou origem nacional.
-População negra é formada por pessoas que se classificam como tais ou como pretos, pardos ou outro termo parecido.

Uma das questões mais polêmicas que surgem quando se discute na escola esses assuntos são as cotas raciais.

E para finalizar lançou algumas reflexões:
O que fazer na escola quanto à temática da pluralidade ?
Será que nós, educadores, conseguimos lidar com todas as diferenças ?
É possível para nós ensinar sobre o outro sem torná-lo exótico ?
Afinal como é possível educar na diferença 

                                          Márcia Maria dos Santos Solha
                                                   dezembro/2010