2°Módulo – Vídeo-aula 17: Pode a ética e a cidadania ser ensinadas ?
Para tanto nos remete há 2.500 anos quando Aristóteles disse como uma educação pode e deve se vincular à formação ética dos cidadãos: “a conduta não decorre da simples consciência de certos princípios, nem da posse ou da enunciação de imperativos e máximas morais, mas é resultante de um constante exercício prático neles fundado”.
E continuando a abordar o assunto diz: “A virtude (...) recebe do ensino a geração e o desenvolvimento, por isso necessita de experiência e tempo: a ética provem do hábito (...)portanto as virtudes não se geram por natureza ou contra a natureza, mas se geram em nós, nascidos para recebê-las e aperfeiçoando-nos mediante o hábito (...) nós (as) conseguimos pela ação, porque, como nas outras artes, o que é preciso primeiro aprender para fazê-lo, aprendemos fazendo-a, tal como nos tornamos construtores construindo ou tocadores de cítara tocando.
Assim, também, realizando ações justas ou sábias ou fortes tornamo-nos sábios, justos ou fortes”. Ao que o Prof°José Sérgio acrescenta: “que é sendo um professor justo que ensinamos o valor e o princípio da justiça aos nossos alunos, sendo respeitosos e exigindo que elês também o sejam é que ensinamos o respeito, não como um conceito, mas como um princípio de conduta.”
A idéia fundamental de Aristóteles é que uma sociedade democrática forma cidadãos democráticos, e ao mesmo tempo, uma formação democrática aperfeiçoa uma sociedade democrática. E a Educação deve estar à serviço do Bem Comum, que é a cidade.
E esse tema era recorrente em toda a sociedade grega.
Não era assim há 300, 400 anos antes de Aristóteles quando tinham absoluta certeza que a virtude não podia ser ensinada e que nada tinha a ver com esforços educativos, pois, ou era herdada ou uma escolha dos deuses. Porém quando a Pólis passa a se democratizar, a formação de todos para a cidadania passa a ser urgente e tema de debate.
E é o que está acontecendo com o Brasil. Tal como a Pólis, nós temos todos na escola (universalização) e esse tema se coloca no centro das discussões.
Podemos e devemos aprender com os filósofos gregos a partir das discussões que tiveram e da forma como conduziram o tema e pautaram as suas práticas, porém mais do que isso, podemos e devemos aprender com eles a indagar.
E me vem a imagem de Sócrates, com a sua maiêutica, o parto das idéias.
Gilberto Cotrim fala: “Sócrates desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral.
O autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática.
“Conhece-te a ti mesmo”, frase inscrita no templo de Apolo, era a recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos.”
E Antonio Xavier Teles comenta: “O método socrático não consistia em enunciar teorias e sim em fazer perguntas e analisar as respostas de maneira sucessiva até chegar à verdade ou à contradição do enunciado. Chamava isso de maiêutica, que em grego significa parto de idéias.
O essencial, para ele, era conhecer-se a si mesmo. Alcebíades, dizia: se diz corajoso, mas enquanto não souber o que é a coragem não se conhecerá totalmente.
Pela análise, (maiêutica) podemos conhecer tudo de nós mesmos.”
E Gilberto Cotrim ainda completa: “Para ele, a primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria ignorância. “Sei que nada sei” dizia Sócrates. Então, libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho da reconstrução de suas próprias idéias. Novamente Sócrates lhes propunha uma série de questões habilmente colocadas, destinadas à concepção de idéias, que era chamada de maiêutica, termo grego que significa: arte de dar à luz.”
Concordo com o que o Prof°José Sérgio Carvalho apontou sobre a questão do ensino de ética e cidadania, que vai ao encontro do que foi abordado em outras vídeos-aulas, porém considero fundamental a reflexão, o parar para pensar, discutir, fundamentar através de teorias, autores. Daí que é preciso haver espaço sim para aulas de ética e cidadania.
Penso que a construção do conhecimento e da visão de homem e de mundo se dá por três degraus:
1°-consciência (despertar-se para, dar-se conta; informação, conhecimento)
2°-vontade (adesão voluntária, compromisso, participação; querer ou não querer)
3°-ação (agir)
Então, as aulas que remetam à analise, reflexão, posicionamento, e que abordem temas como ética, cidadania, valores, é fundamental para a formação do ser integral, para a formação do cidadão comprometido com o exercício da cidadania e, assim, voltado para o Bem Comum.
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