domingo, 3 de outubro de 2010

Vídeo-aula 20: Sentimentos e Afetos como tema transversal


Vídeo-aula 20: Sentimentos e afetos como tema transversal

No livro "Ética, Valores Humanos e Transformação", Ruy Cezar do Espírito Santo, no capítulo de sua autoria, inicia o texto com a seguinte citação:
“Recentemente o Jornal do Brasil noticiou um fato extremamente curioso, que dizia respeito a uma mulher que criava um leão em casa, na cidade do Rio de Janeiro. Sua vizinha, preocupada com o acontecimento, denunciou o ocorrido à Prefeitura. Ao chegarem ao local, os fiscais da municipalidade indagaram da dona de casa se era verdade que tinha um leão em casa. Ao responder, a mulher assim se expressou:
-Olhe, na verdade, ele nem sabe que é leão, pois foi criado como cachorro !
Ao que redargüiu a denunciante presente:
-Sim, mas à noite ele ruge !
Replica a dona da fera:
-É verdade que não consegui ensiná-lo a latir...
Essa pequena crônica do cotidiano do Rio de Janeiro pareceu-me muito saborosa para inaugurar este trabalho.
Não tenho muitas dúvidas de que os seres humanos “não se lembram mais de que são seres humanos”, pois não tem sido educados como tais. Ainda que à noite possam “rugir” para relembrar sua humanidade, largamente perdeu-se o sentido profundo do “ser humano”.”

E Regina de Fátima Migliori autora de um outro capítulo do mesmo livro nos diz:
“Estamos tão habituados a  um modelo de vida fragmentado, que não nos permitimos perceber o quanto estamos desligados não só da realidade, mas de nós mesmos. É preciso buscar  incessantemente responder às questões: Quem sou eu ? O que pretendo oferecer ao mundo ? O conhecimento de si mesmo traz a consciência e a responsabilidade pela autoria de nossas ações e nos prepara para entrarmos em ação.
...Quando tomo consciência da minha atuação, começo a perceber a sua dimensão, e posso me surpreender com os limites da sua repercussão, que vão muito além do que inicialmente eu poderia supor.
 Trata-se do ser humano e seus potenciais em ação na sua realidade próxima, conectados a um universo mais amplo: a comunidade, a cidade, o país, o planeta, o universo.
 O potencial é individual, a ação, local, e a repercussão, planetária. Esses três níveis estão constantemente integrados. Não há como separá-los. “O que faço aqui” terá repercussões que se estendem no eixo do tempo e do espaço. A ação não é um fato isolado. Um ponto de vista integrador aplicado à nossa atuação nos faz compreende-la como sendo ação e  a sua repercussão. Não há ação isolada.”

E Maria Dolores Fortes Alves em seu livro “Favorecendo a inclusão pelos caminhos do coração” comenta: "Enquanto a UNESCO discutia os caminhos epistemológicos da construção da interdisciplinaridade pelo viés de ligação, do diálogo, da interação entre as disciplinas, das ciências, os teóricos franceses, bem como Ivani Fazenda e outros, discutiam-na pelos vieses da subjetividade, pelo espaço-encontro intersubjetivo. Era dado o olhar ao humano/mundo, ao humano no mundo, para a existência humana, para a ligação afetiva entre os sujeitos que interagiam para construção dos saberes.
 E, interdisciplinaridade faz-se como um espaço de construção, um espaço de abertura, diálogo, ligação, religação, criação congruente, coerente porque nele habita o ser que o faz.
...Digo aqui que a interdisciplinaridade é a maiêutica do si mesmo, visto que é integradora da ciência e da alma. E, para integrar o outro em mim, é necessário conhecer o si-mesmo de mim. Quem sou eu ?
...A reflexão interdisciplinar e transdisciplinar e o autoconhecimento se fazem como possibilidade para superação da dicotomia objetividade/subjetividade e, adiante, estabelecer as bases para a construção de uma identidade coletiva, de uma identidade planetária ecossistêmica, tendo em vista a complexidade das relações.”
 E Marilu Martinelli no capítulo de sua autoria do livro: “Ética, Valores Humanos e Transformação” diz: “Educar é conduzir energias e estimular o desejo de aprender, desenvolvendo no indivíduo todos os níveis de sua personalidade, fortalecendo o caráter e estimulando a criatividade.
 É preciso ensinar a pensar a partir dos valores universais para os particulares, estimular a auto-análise e a autodescoberta. O ser humano deve ser educado para responder aos desafios externos e internos. O diálogo com a alma estabelece-se de forma vital em cada aspecto da personalidade, pois é essencialmente energia inteligente.
...Certamente o redimensionamento da sociedade deve começar pela educação adequada e a formação do educador adequado. O professor não pode continuar sendo um simples transmissor de informações, mas alguém que descortine horizontes.”

No início da vídeo-aula a Prof°Valéria Arantes disse: “ meu objetivo principal é trazer à vocês uma experiência concreta, prática de como inserir os sentimentos e afetos na estrutura curricular da escola, como tomar os sentimentos como tema transversal.”

E trouxe três conceitos que legitimam o trabalho com valores, pois estão intimamente ligados à sentimentos e afetos:
1-Valores
2-Autoestima
3Autoconhecimento

Valores:
E nos dá a seguinte explicação: “o conceito clássico de valores segundo Piaget: são trocas afetivas que o sujeito realiza com o meio exterior. Os valores surgem de projeção de sentimentos positivos sobre objetos, pessoas e ou relações e ou sobre si mesmo. Não estou me referindo a valores morais.
É um valor quando eu projeto  um valor positivo. Se projeto sentimentos positivos sobre um carro, o objeto vai tornar-se um valor para mim. Valor é aquilo que eu gosto e contravalor  é aquilo que eu não gosto.
 Se valor é construído a partir dessa projeção de sentimentos positivos, esse processo está intimamente relacionado a dimensão afetiva; dos sentimentos. Daí a importância de trabalhar sentimentos na escola.

Autoestima:
É fundamental para a construção da cidadania, entendendo essa cidadania como busca da felicidade.
Diz respeito à autoimagem que o sujeito constrói de si mesmo. Sensibilidade de se perceber de uma forma positiva.
Que tipo de sentimento eu projeto sobre mim mesmo?

Autoconhecimento:
É o processo de autoregulação que o sujeito constrói e vai contribuir para a própria conduta.
Dimensão da sensibilidade para se perceber, ter consciência dos próprios sentimentos, valores, idéias. Ter conduta coerente com aquilo que a gente acredita.
Se fala muito de autonomia, mas pouco de autoconhecimento.”

E nos fala que a pergunta central dessa vídeo-aula é:
 “Como é incorporar os sentimentos e afetos no cotidiano de nossas escolas ? Como eu posso incorporar isso numa educação voltada para a cidadania, para uma educação em valores ?”
E nos traz a resposta:
“Transformando os sentimentos e afetos em objetos de ensino-aprendizagem, em objetos de conhecimento”.

E nos apresentou um projeto em sala de aula com crianças.
E também nos mostrou os aspectos importantes para desenvolve-lo:
“1°Tem que ser relacionado com as situações do cotidiano, que são o ponto de partida e o ponto de chegada.
2°Deve-se  tomar os sentimentos e afetos, não apenas no nível das relações interpessoais, mas como objeto de ensino-aprendizagem.”.

E acrescentou,“a Educação em Valores, a Educação em Cidadania passa por:
1°Diagnosticar a situação
2°Promover encaminhamento
3°Assumir a responsabilidade sobre a problemática levantada.”
                                              
                                              Márcia Maria dos Santos Solha
                                                         Outubro/2010

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