quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

(2°) Vídeo-aula 19 - Violência nas escolas


2°Módulo – Vídeo-aula 19: Violência nas escolas

Inicio esse trabalho me referindo ao filme : “Escritores da Liberdade” e o indicando para quem não o assistiu ainda.
É um caso verídico, ocorrido nos Estados Unidos, e apresenta o trabalho de uma professora transformando a vida de jovens marcados pela pobreza, violência, discriminação.
Muitos deles chegaram a pertencer a gangues e eram desacreditados até mesmo por outros professores e pela direção da escola.
Esse trabalho da professora resultou num livro: “Diário dos escritores da liberdade”, escrito a partir dos diários que os alunos passaram a escrever como atividade sugerida pela professora.
E em todas as cenas vamos nos dando conta do processo vivido por aquele grupo e o empenho da professora por reverter um destino que todos achavam que já estava traçado:  cadeia, morte, marginalidade.
Dentre muitas cenas as que mais me chamaram a atenção é como ela aborda a intolerância, que ocorria até entre os próprios jovens de etnias diferentes, dentro da sala de aula e/ou no espaço da escola.
E a partir disso, leva os alunos ao Museu da Tolerância.
Depois, dentre os livros que indica, um deles, é o "Diário de Anne Frank". E após a sua leitura os alunos sugerem e se organizam para trazer a senhora que escondeu a Anne até ela ser descoberta e capturada pelos nazistas.
Quando essa senhora chega na escola um dos alunos diz que pela primeira vez  se via diante de uma heroína. E ela diz que não, e que eles sim é que eram heróis, pela trajetória de vida e  superação. E daí ela complementa dizendo que, cada um, onde quer que esteja; em  qualquer atividade profissional que desenvolva; jovem, dona de casa... “pode acender uma luzinha num quarto escuro”.
E é isso...,fazer a diferença !
E foi isso que essa professora fez, e foi isso que os alunos passaram a se dar conta.
Que nós, como educadores, possamos, também, acender luzes !

Na vídeo-aula a Prof° Lilia Freire Rodrigues de Souza Li trouxe as seguintes informações:

-A adolescência é um momento crítico da vida do ser humano no qual ocorre intensas mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais, e se decide padrões de comportamento.
-Período de grande vulnerabilidade e risco.
-Possíveis trajetórias estão intimamente relacionadas com as vivências e aprendizados ocorridos na infância.

Os problemas psicológicos e comportamentais na adolescência são classificados em três tipos:
-Abuso de substância
-Problema de internalização: perturbações emocionais e cognitivas como depressão e ansiedade.
-Problema de externalização: problemas comportamentais ou de atuação, sendo o problema mais comum o comportamento delinqüente.

O que são os distúrbios de conduta ?
É um transtorno caracterizado por um padrão de comportamento anti-social repetitivo e persistente em crianças e adolescentes. Às vezes classificado como psico-social, às vezes como psicopatológico.
Inclui desobediência, birras, brigas, destrutibilidade, mentira e roubo.
O distúrbio de conduta é o problema mental mais comum na infância e adolescência: 7% em meninos e 3% em meninas , sendo que pequena parcela reincide, porém, quando reincide, 40 a 60% persistem na marginalidade
Meninos são mais propensos a se envolver com violência e delinqüência. Meninas são propensas a bater em membros da família.
Condutas violentas  podem acabar resultando em condutas criminais e anti-sociais.

Agressão física na infância:
-Problema de saúde pública
-Crianças agressivas correm grande risco de ser adolescente e adultos violentos.
-Agressão física é um precursor de problemas mentais na vítima e também no agressor (abuso de álcool e drogas, acidentes, crimes violentos, tentativa de suicídio, relações abusivas e paternidade negligente e abusiva).

Estatística de violência – infância e adolescência, o aumento em 10 anos (1996 a 2006):
-Nordeste: 591%
-Norte: 523%
-Sul: 313%
-Centro-Oeste: 248%

E os fatores de risco para distúrbios de conduta e delinqüência são:
-Fatores de risco individuais (características biológicas, comportamentais e cognitivas)
-Fatores de risco contextuais (familiares e sociais)
-Vários fatores de risco de forma cumulativa resultam em sofrimento físico e emocional levando à delinqüência juvenil.

Fatores familiares e sociais:
-Disciplina e limites no núcleo familiar
-Famílias disfuncionais
-Doenças mentais dos pais
-Estes fatores são afetados por fatores sociais:
Pobreza; Fracasso escolar; Desemprego; Pobres redes de apoio e de relacionamento; Perdas de pessoas significativas da família por meios violentos e muitas vezes presenciados por eles.

Quais fatores promovem a violência ?
-Causas a longo prazo: práticas parentais inadequadas e exposição repetida à violência.
-Causas a curto prazo: consumo de álcool e drogas e a inserção em gangues.

Fatores de risco para comportamentos delinqüentes:
-Morar em ares pobres e densamente povoada.
-Vida familiar marcada pela pobreza e grande número de descendentes.
-Negligência parental/ Cuidados e supervisão inadequados/ Sinais prematuros de comportamento anti-social na escola e em casa.
-Agressividade/ Temperamento impulsivo/ Baixa inteligência/ Evasão escolar

Fatores associados para a violência na escola:
-Performance escolar ruim; Atitudes anteriores erradas; Sexo masculino; Baixa autoestima; Muitas mudanças de escola; População escolar com alto uso de drogas.
O papel da escola em relação ao que foi exposto é fundamental, tanto em relação aos alunos quanto para fazer parcerias com a comunidade e efetuar trocas enriquecedoras.

Quanto às estastísticas (apresentadas anteriormente) do aumento da violência praticada por crianças e adolescentes é assustador; assim como o número de jovens maiores, e de até 29 anos de idade, presos por dia no Brasil,  é alarmante.

As nossas crianças, adolescentes e jovens de até 29 anos estão sendo afastados da sociedade, sendo punidos por delitos praticados numa fase que deveriam estar estudando..., sonhando e se lançando para seus projetos e buscando fazer diferença no mundo.

A nossa Constituição Federal, o ECA, que colocaram a criança e o adolescente como sujeito de direitos e que devem ser protegidos por seus pais/cuidadores e por toda a sociedade; e a própria Escola, que deve acolher e, juntamente com a família e a sociedade promover a formação dessa pessoa para autonomia e para o exercício da cidadania, não estão fazendo valer `a que vieram, não estão cumprindo a sua razão de ser/missão.

O que dizer de um país, a “nossa Pátria Amada”, que precisa e que de alguma forma, tem preferido/optado por punir, prender, afastar suas crianças, adolescentes e jovens?
E a escola e cada um de nós, educadores, o que dizemos disso ?  E o que podemos e devemos fazer para mudar esse quadro tão dramático e para, de fato, podermos acender luzes ?

                                   Márcia Maria dos Santos Solha
                                           Dezembro/2010


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