terça-feira, 30 de novembro de 2010

(2°) Vídeo-aula 17 - Pode a ética e a cidadania ser ensinadas ?

2°Módulo – Vídeo-aula 17: Pode a ética e a cidadania ser ensinadas ?

O Prof° José Sérgio Carvalho retoma os filósofos da Grécia Antiga para refletir sobre a possibilidade da formação moral dos nossos alunos, da formação ética e, como eles chamavam, da formação da virtude.

Para tanto nos remete há 2.500 anos quando Aristóteles disse como uma educação pode e deve se vincular à formação ética dos cidadãos: “a conduta  não decorre da simples consciência de certos princípios, nem da posse ou da enunciação de imperativos e máximas morais, mas é resultante de um constante exercício prático neles fundado”.
E continuando a abordar o assunto diz: “A virtude (...) recebe do ensino a geração e o desenvolvimento, por isso necessita de experiência e tempo: a ética provem do hábito (...)portanto as virtudes não se geram por natureza ou contra a natureza, mas se geram em nós, nascidos para recebê-las e aperfeiçoando-nos mediante o hábito (...) nós (as) conseguimos pela ação, porque, como nas outras artes, o que é preciso primeiro aprender para fazê-lo, aprendemos fazendo-a, tal como nos tornamos construtores construindo ou tocadores de cítara tocando.
Assim, também, realizando ações justas ou sábias ou fortes tornamo-nos sábios, justos ou fortes”. Ao que o Prof°José Sérgio acrescenta: “que é sendo um professor  justo que ensinamos o valor e o princípio da justiça aos nossos alunos, sendo respeitosos e exigindo que elês também o  sejam é que ensinamos o respeito, não como um conceito, mas como um princípio de conduta.”

A idéia fundamental de Aristóteles é que uma sociedade democrática forma cidadãos democráticos, e ao mesmo tempo, uma formação democrática aperfeiçoa uma sociedade democrática. E a Educação deve estar à serviço do Bem Comum, que é a cidade.
E esse tema era recorrente em toda a sociedade grega.

Não era assim há 300, 400 anos antes de Aristóteles quando tinham absoluta certeza que a virtude não podia ser ensinada e que nada tinha a ver com esforços educativos, pois, ou era herdada ou uma escolha dos deuses. Porém quando a Pólis passa a se democratizar, a formação de todos para a cidadania passa a ser urgente e tema de debate.

E é o que está acontecendo com o Brasil. Tal como a Pólis,  nós temos todos na escola (universalização) e esse tema se coloca no centro das discussões.

Podemos e devemos aprender com os filósofos gregos a partir das discussões que tiveram e da forma como conduziram o tema e pautaram as suas práticas, porém mais do que isso, podemos e devemos aprender com eles a indagar.
E me vem a imagem de Sócrates, com a sua maiêutica, o parto das idéias.
Gilberto Cotrim fala: “Sócrates desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual  à consciência prática ou moral.
O autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática.
“Conhece-te a ti mesmo”, frase inscrita no templo de Apolo, era a recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos.”

E Antonio Xavier Teles comenta: “O método socrático não consistia em enunciar teorias e sim em fazer perguntas e analisar as respostas de maneira sucessiva até chegar à verdade ou à contradição do enunciado. Chamava isso de maiêutica, que em grego significa parto de idéias.
O essencial, para ele, era conhecer-se a si mesmo. Alcebíades, dizia: se diz corajoso, mas enquanto não souber o que é a coragem não se conhecerá totalmente.
Pela análise, (maiêutica) podemos conhecer tudo de nós mesmos.”

E Gilberto Cotrim ainda completa: “Para ele, a primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria ignorância. “Sei que nada sei” dizia Sócrates. Então, libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho da reconstrução de suas próprias idéias. Novamente Sócrates lhes propunha uma série de questões habilmente colocadas, destinadas à concepção de idéias, que era chamada de maiêutica, termo grego que significa: arte de dar à luz.”

Concordo com o que o Prof°José Sérgio Carvalho apontou sobre a questão do ensino de ética e cidadania, que vai ao encontro do que foi abordado em outras vídeos-aulas, porém considero fundamental a reflexão, o parar para pensar, discutir, fundamentar através de teorias, autores. Daí que é preciso haver espaço sim para aulas de ética e cidadania.
Penso que a construção do conhecimento e da visão de homem e de mundo se dá por três degraus:
1°-consciência (despertar-se para, dar-se conta; informação, conhecimento)
2°-vontade (adesão voluntária, compromisso, participação; querer ou  não querer)
3°-ação (agir)
Então, as aulas que remetam à analise, reflexão, posicionamento, e que abordem temas como ética, cidadania, valores, é fundamental para a formação do ser integral, para a formação do cidadão comprometido com o exercício da cidadania e, assim, voltado para o Bem Comum.                                    
                                                   Márcia Maria dos Santos Solha
                                                            dezembro/2010

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