segunda-feira, 15 de novembro de 2010

(2°) Vídeo-aula 2 - A escola e a construção dos valores morais


2° Módulo - Vídeo-aula 2 : A escola e a construção dos valores morais
“Os profetas não são homens ou mulheres desarrumados, desengonçados, barbudos, cabeludos, sujos, metidos em roupas andrajosas e pegando cajados.
Os profetas são aqueles ou aquelas que se molham de tal forma nas águas da sua cultura e da sua história, da cultura e da história do seu povo, dos dominados do seu povo, que conhecem o seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles mais do que advinham, realizam.
Eu diria aos educadores e educadoras, ai daqueles e daquelas que pararem com a sua capacidade de sonhar, de inventar, a sua coragem de denunciar e de anunciar.
Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e agora, se atrelam a um passado de exploração e de rotina.”         Paulo Freire
O Prof° Ulisses Araujo nessa vídeo-aula fez uma síntese de um artigo seu publicado na revista Educação e Pesquisa (FEUSP) que tem como título: Escola, Democracia e a Construção de Personalidades Morais.
Nesse artigo ele diz ter feito uma pesquisa no ambiente escolar para investigar o pressuposto da teoria de Piaget (1932) de que a cooperação estabelecida entre crianças seria responsável pela construção, do ponto de vista do juízo moral, de sujeitos mais autônomos. Concluiu sua pesquisa confirmando os pressupostos, publicou em diversas oportunidades, porém como havia se  deparado com questões muito mais complexas, buscou romper com o modelo de pesquisa tradicional, recorrendo ao conceito de pensamento complexo apresentado por Edgard Morin. E se utilizando dos pressupostos de Morin, comenta: “Discorrer sobre as relações entre democracia, cidadania e educação só é possível se pensarmos de maneira complexa. Não dá para refletir sobre tais fenômenos a partir do pensamento simplificante”.
E enfatiza: “...a educação para a cidadania e para a vida em uma sociedade democrática não pode se limitar ao conhecimento das leis e regras, ou a formar pessoas que aprendam a participar de forma consciente da vida coletiva. É necessário algo mais, que é o trabalho visando a construção de personalidades morais, de cidadãos e cidadãs autônomos que buscam de maneira consciente e virtuosa a felicidade e o bem pessoal e coletivo”.
“...Trabalhar na formação desse cidadão e dessa cidadã pressupõe considerar e atuar intencionalmente sobre as diferentes dimensões constituintes da natureza humana: a sócio-cultural, a afetiva, a cognitiva e a bio-fisiológica. ...Atuar sobre elas sem, contudo, perder a dimensão de totalidade da personalidade.
Sintetizando, em minha opinião a educação democrática para a cidadania deve   voltar-se para a atuação simultânea sobre essas quatro dimensões constituintes da natureza humana, como condição para o desenvolvimento das competências necessárias para a participação efetiva na vida pública e política, tendo como objetivo a construção de personalidades morais que busquem de forma consciente e virtuosa a felicidade e o bem, pessoal e coletivo.”
“...Os conteúdos deixam de ser vistos como a “finalidade” da educação e passam a ser encarados como “meio” para se alcançar sua real finalidade: a construção de personalidades morais autônomas e críticas”.
E o Prof° Ulisses ainda ressalta: “...”O foco em minha opinião, deve centrar-se na construção do que costuma chamar-se personalidades morais, independente do nome que se dê a tal tipo de educação (educação moral, educação em valores, educação do caráter, educação em virtudes). Ou seja, o objetivo de uma formação ética deve ser o de atuar intencionalmente para que a escola propicie aos sujeitos da educação os instrumentos necessários à construção de sua competência cognitiva, afetiva, cultural e orgânica, dando-lhes condições de agir moralmente no mundo.”
“...Existem as demais instituições sociais, como a família, as amizades, a mídia, mas a escola pode ter um papel fundamental por ser a instituição socialmente criada para a formação das futuras gerações.”
Encerra o texto dizendo: “...É possível tal tipo de intervenção, mas que é necessário uma mudança de perspectiva na forma com que concebemos tanto a complexidade das relações que ocorrem dentro da escola quanto a multidimensionalidade constituinte da natureza humana.”
E para explicar: A complexidade das relações que ocorrem dentro da escola, ele identificou sete diferentes aspectos, que se interelacionam”. E que podem aumentar de número “a partir de novas experiências nos complexos processos de democratização das escolas que tem tais objetivos”.
Os aspectos identificados são: os conteúdos escolares; a metodologia das aulas; os valores; o tipo e a natureza das relações interpessoais; a autoestima; o autoconhecimento; os processos de gestão da escola. E é sobre esses aspectos que ele falará na vídeo-aula.
E para explicar a multidimensionalidade constituinte da natureza humana ele cita, como já foi abordado anteriormente, quatro dimensões: a sócio-cultural, a afetiva, a cognitiva e a bio-fisiológica. ...Atuar sobre elas sem, contudo, perder a dimensão de totalidade da personalidade.
Na vídeo-aula ele detalha cada um dos sete aspectos, dizendo que lês influenciam no cotidiano da escola e se quisermos promover efetivamente uma educação em  valores temos que estar atentos a isso.
1°-Os conteúdos escolares: Apesar de constar no Projeto Político Pedagógico de cada escola a formação do cidadão, cidadã, aonde isso de fato está presente ?
Faz-se necessário “a inserção transversal e interdisciplinar de temáticas de ética, direito humanos, inclusão social, convivência democrática, etc...”
2°-Metodologia das aulas: E apresenta três características fundamentais: a construção coletiva do conhecimento, aprendendo a trabalhar coletivamente e de forma cooperativa; o diálogo, pressupondo dois que conversam no mesmo nível; o papel ativo do estudante como protagonista do processo de conhecimento.
3°-O trabalho intencional com valores: Quais valores nós queremos que intencionalmente sejam trabalhados nos projetos?
Que os alunos construam determinados valores, por exemplo de cidadania.
E como guia de referência o Prof°Ulisses sugere que seja utilizada a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
4°-Relações interpessoais: E cita alguns “sentimentos muito fortes como: Respeito, Autoridade e Admiração.
A admiração é o sentimento que promove a identificação entre a pessoa respeitada e a que respeita.”  E enfatiza que as relações precisam ser construídas por meio do diálogo.
5°- Autoestima: E comenta: “cada ser humano constroi uma auto-imagem e que uma pessoa para ser ética precisa acreditar em si, ter essa imagem positiva e levar isso para a consciência”.
6°- Autoconhecimento: “Tomar consciência dos próprios sentimentos e emoções é essencial para a construção da ética e da democracia escolar”.
7°- Gestão da escola: É preciso que a escola reveja o seu processo de gestão escolar caso queira formar cidadãos autônomos, para isso é necessário o estabelecimento de diálogo e da democracia.
                           Márcia Maria dos Santos Solha                                 
                                   Novembro/2010

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