terça-feira, 30 de novembro de 2010

(2°) Vídeo-aula 18 - Violência e Educação


2°Módulo - Vídeo-aula 18: Violência e Educação
Qual foi a minha grata surpresa ao ver nesta vídeo-aula a Flávia Schilling !
Passaram-se 30 anos, quando pude “conhece-la” através do seu livro “Querida Liberdade” em julho de 1980 na reunião da SBPC no Rio de Janeiro,o qual adquiri. Após le-lo, sempre tive o desejo de ter notícias da autora, saber o que havia se passado após a sua  volta ao Brasil, mas não consegui.
E lá estava ela, na vídeo-aula, falando sobre violência com tamanha ternura, leveza, sabedoria, humildade, demonstrando que sabe com profundidade do que está falando,  principalmente porque sentiu na própria “pele”.
E mesmo não estando clara, excepcionalmente, nesta vídeo-aula, a citação de sua titulação,  estava  inteira, plena, absoluta, mais que doutora no assunto.
Com tudo isso me senti em sala de aula, tamanha a acolhida; naquelas aulas em que não vemos o tempo passar.Portanto descobri que Flávia se tornou uma mestre e com tanto por ensinar !
 Fui então correndo pegar o seu livro, o folheei e reli citações que eu havia grifado e me fez muito bem retomar aquelas reflexões. E destaco para mencionar, um trecho da carta ao povo brasileiro:
“Penso que a humildade é uma atitude frente à vida. Tem como base o respeito. Respeito pela vida e pela morte, respeito pela grandeza e insignificância do homem, respeito pela diversidade humana e a unidade humana essencial: todos somos e temos o direito de ser pessoas, pessoas livres, pessoas pensantes, pessoas totais.”
Querida Flávia, declaro aqui minha profunda admiração pela sua história, pela pessoa que  você é, e pela mestre que você se tornou.
Agora te vendo, pela vídeo-aula, pude ver mesmo após 30 anos, aquela mesma jovem sonhadora, idealista, terna, comprometida com a história do seu tempo..., portanto coerente com a sua visão de homem e mundo . E adicionado à isso vi  uma grande mestre, compartilhando generosamente o seu saber ! Aliás, o que você declarou na citação que destaquei do seu livro, me parece que você tem vivido, e, também, como mestre tem levado tantos outros a viver !
Que alegria e honra ser sua aluna !

A Prof°Flávia Schilling parte de duas questões fundamentais para nos introduzir no tema.
A primeira: “não é fácil falar sobre violência, o tema nos emudece, quebra os discursos.” E para isso traz a citação do livro “Ensaio da cegueira” de José Saramago: “Se puderes olhar, vê. Se puderes ver, repara”. Sendo que a palavra repara tem como significados: olhar atentamente, tentar resolver, sarar, curar, arranjar uma determinada situação.
Portanto é possível e necessário colocar em palavras, e se estabelecer um diagnóstico da situação.

A segunda: “A violência não é uma fatalidade, não tomou conta do mundo; nós podemos agir”.
Isso indica possíveis formas de ação, isto é, o que a escola pode fazer em relação a situações de violência e isso implica em identificar o que se pode fazer, o que lhe compete  e com quais parcerias, e o que não lhe compete fazer.

Portanto, para as duas questões, isto é, tanto para o diagnóstico (penetrar na queixa e ir além dela, buscando descobrir o que acontece naquele ambiente: quando, quem, com quem, contra quem e o que) quanto para a intervenção/conexões (o que fazer e com quais parcerias) é necessário afinar o olhar e exercitar continuamente: ver, olhar e reparar .

Ainda quanto ao diagnóstico, a Prof°Flávia nos diz: “temos que levar em conta que há múltiplas formas de violência na escola. E para qualificar essas queixas e identificar quais são as violências, o exercício de olhar, ver e reparar nos ajudará, nos instrumentalizará a perceber: o que, com quem, contra quem, onde, quando e como , nos possibilitando alguma forma de atuação.

E levanta alguns tipos de violência:
1°-Quando está localizada num território violento, quer seja pela criminalidade, tráfico de drogas, gangues.
2°-Violência que acontece na família e que penetra silenciosamente na escola através do comportamento agressivo ou apático da criança.
3°-E um tipo que é próprio da instituição escolar, por exemplo, passar de ano sem aprender, e num contexto onde ninguém consegue ocupar o seu lugar.

Nos três casos a Prof°Flávia indica o diagnóstico (ver, olhar e reparar) e a intervenção/conexões (diálogo e parcerias, também utilizando: o ver, olhar e reparar). Sendo que no terceiro caso chama à responsabilidade os adultos, portanto professores e demais profissionais da escola, para formar um coletivo que sustentem decisões e projetos que possam trazer um cotidiano rico de conhecimento e interesse, estabelecendo conexões com os pais, vizinhança, segurança pública, saúde, conselho tutelar e secretaria da educação.

E conclui  a aula nos dizendo: “É possível agir e minha proposta é pensar no que nos acontece, detectar: onde, quando, com quem, contra quem, o que; utilizando o olhar  para talvez, ver e quem sabe, reparar. É um desafio possível: a produção de diagnóstico orientando ações que impliquem em identificar o que fará, e com quem fará, no estabelecimento de novas conexões.”

“Se puderes olhar, vê.
 Se puderes ver, repara”
Essa frase busca despertar em cada um de nós o sujeito que de fato somos, autor e ator da nossa história pessoal e da história do nosso tempo, e portanto agentes de transformação da sociedade.
Ela convida-nos a sair da posição de vítimas, impotentes frente aos problemas e, nesse caso, a violência, para nos posicionarmos: identificando/diagnosticando e fazendo parcerias/conexões.
Ver, olhar e reparar (e reparar que quer dizer: olhar atentamente; tentar resolver; sarar; curar; arranjar uma determinada situação) traduz muito bem o papel do educador, que ao agir assim, além de fazer a diferença no mundo; pelo seu exemplo, prepara outros, os seus alunos, a agirem com autonomia em prol do bem comum.
Querida Prof° Flávia é isso que, certamente, você tem feito.

                         
                     Márcia Maria dos Santos Solha
                                novembro/2010
              

(2°) Vídeo-aula 17 - Pode a ética e a cidadania ser ensinadas ?

2°Módulo – Vídeo-aula 17: Pode a ética e a cidadania ser ensinadas ?

O Prof° José Sérgio Carvalho retoma os filósofos da Grécia Antiga para refletir sobre a possibilidade da formação moral dos nossos alunos, da formação ética e, como eles chamavam, da formação da virtude.

Para tanto nos remete há 2.500 anos quando Aristóteles disse como uma educação pode e deve se vincular à formação ética dos cidadãos: “a conduta  não decorre da simples consciência de certos princípios, nem da posse ou da enunciação de imperativos e máximas morais, mas é resultante de um constante exercício prático neles fundado”.
E continuando a abordar o assunto diz: “A virtude (...) recebe do ensino a geração e o desenvolvimento, por isso necessita de experiência e tempo: a ética provem do hábito (...)portanto as virtudes não se geram por natureza ou contra a natureza, mas se geram em nós, nascidos para recebê-las e aperfeiçoando-nos mediante o hábito (...) nós (as) conseguimos pela ação, porque, como nas outras artes, o que é preciso primeiro aprender para fazê-lo, aprendemos fazendo-a, tal como nos tornamos construtores construindo ou tocadores de cítara tocando.
Assim, também, realizando ações justas ou sábias ou fortes tornamo-nos sábios, justos ou fortes”. Ao que o Prof°José Sérgio acrescenta: “que é sendo um professor  justo que ensinamos o valor e o princípio da justiça aos nossos alunos, sendo respeitosos e exigindo que elês também o  sejam é que ensinamos o respeito, não como um conceito, mas como um princípio de conduta.”

A idéia fundamental de Aristóteles é que uma sociedade democrática forma cidadãos democráticos, e ao mesmo tempo, uma formação democrática aperfeiçoa uma sociedade democrática. E a Educação deve estar à serviço do Bem Comum, que é a cidade.
E esse tema era recorrente em toda a sociedade grega.

Não era assim há 300, 400 anos antes de Aristóteles quando tinham absoluta certeza que a virtude não podia ser ensinada e que nada tinha a ver com esforços educativos, pois, ou era herdada ou uma escolha dos deuses. Porém quando a Pólis passa a se democratizar, a formação de todos para a cidadania passa a ser urgente e tema de debate.

E é o que está acontecendo com o Brasil. Tal como a Pólis,  nós temos todos na escola (universalização) e esse tema se coloca no centro das discussões.

Podemos e devemos aprender com os filósofos gregos a partir das discussões que tiveram e da forma como conduziram o tema e pautaram as suas práticas, porém mais do que isso, podemos e devemos aprender com eles a indagar.
E me vem a imagem de Sócrates, com a sua maiêutica, o parto das idéias.
Gilberto Cotrim fala: “Sócrates desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com jovens, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual  à consciência prática ou moral.
O autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática.
“Conhece-te a ti mesmo”, frase inscrita no templo de Apolo, era a recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos.”

E Antonio Xavier Teles comenta: “O método socrático não consistia em enunciar teorias e sim em fazer perguntas e analisar as respostas de maneira sucessiva até chegar à verdade ou à contradição do enunciado. Chamava isso de maiêutica, que em grego significa parto de idéias.
O essencial, para ele, era conhecer-se a si mesmo. Alcebíades, dizia: se diz corajoso, mas enquanto não souber o que é a coragem não se conhecerá totalmente.
Pela análise, (maiêutica) podemos conhecer tudo de nós mesmos.”

E Gilberto Cotrim ainda completa: “Para ele, a primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria ignorância. “Sei que nada sei” dizia Sócrates. Então, libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho da reconstrução de suas próprias idéias. Novamente Sócrates lhes propunha uma série de questões habilmente colocadas, destinadas à concepção de idéias, que era chamada de maiêutica, termo grego que significa: arte de dar à luz.”

Concordo com o que o Prof°José Sérgio Carvalho apontou sobre a questão do ensino de ética e cidadania, que vai ao encontro do que foi abordado em outras vídeos-aulas, porém considero fundamental a reflexão, o parar para pensar, discutir, fundamentar através de teorias, autores. Daí que é preciso haver espaço sim para aulas de ética e cidadania.
Penso que a construção do conhecimento e da visão de homem e de mundo se dá por três degraus:
1°-consciência (despertar-se para, dar-se conta; informação, conhecimento)
2°-vontade (adesão voluntária, compromisso, participação; querer ou  não querer)
3°-ação (agir)
Então, as aulas que remetam à analise, reflexão, posicionamento, e que abordem temas como ética, cidadania, valores, é fundamental para a formação do ser integral, para a formação do cidadão comprometido com o exercício da cidadania e, assim, voltado para o Bem Comum.                                    
                                                   Márcia Maria dos Santos Solha
                                                            dezembro/2010

(2°) Vídeo-aula 16 - Sexualidade e prevenção de risco



 2°Módulo – Vídeo-aula 16: Sexualidade e prevenção de risco

As professoras Lilia e Marisi discutiram sobre a importância de se trabalhar a temática da sexualidade na escola tanto para a informação, quanto para a orientação, prevenção de doenças (DST e AIDS) e para evitar a gravidez.

E levantaram os seguintes pontos:

- A distribuição de preservativo na escola:
Faz-se necessário, pois infelizmente as estatísticas indicam o aumento de número de casos de AIDS na faixa etária da adolescência.
Além disso, numa pesquisa da UNESCO, foi identificado que 4 a 20% dos adolescentes entrevistados, nunca usaram preservativo. Considerando que no Brasil há 50 milhões de adolescentes, dá para ter uma idéia da quantidade de jovens em risco de contrair DST e AIDS.
Alguns também revelaram que usam nas primeiras relações e depois de quatro, cinco, não usam mais por considerar que é parceiro(a) fixo.
Um outro ponto preocupante é que as meninas no Brasil ficam grávidas nas primeiras relações.

Frente ao que foi exposto fica evidente a necessidade de um trabalho efetivo sobre o assunto na escola.
A Prof°Lídia recomendou que o professor, para tratar do assunto, utilize dinâmicas demonstrando não só como fazer, mas o que envolve a sexualidade: a afetividade, o respeito, o querer, e  a escolha (o parceiro pode falar não)
A Prof°Marisi complementou dizendo que mais importante que aulas de sexologia a que médicos tem sido convidados a dar, e acabam abordando a anatomia do aparelho reprodutor feminino e masculino;  é preciso conversar sobre afetividade, e o adolescente perceber-se podendo escolher sem se sentir pressionado.

É preciso também orientar o uso da dupla proteção: o preservativo para a prevenção de DST e AIDS, e outro método para evitar a gravidez (pílula, ou outro).
È fundamental abordar a responsabilidade compartilhada na relação sexual e na prevenção, não deixar tudo na responsabilidade da menina. Os direitos e deveres de cada um.

Alguns países disponibilizam, também, para os adolescentes, outros métodos contraceptivos: contracepção de emergência (pílula do dia seguinte, que não é abortiva, como alguns pensam) e a contracepção, ambas para prevenir a gravidez.

É papel da escola e do professor ter um olhar amplo e uma ação efetiva sobre o ser que está em formação, em desenvolvimento, e possibilitar meios, formas para que isso ocorra de maneira natural, integral.
E para que isso aconteça, a sexualidade e a afetividade são fundamentais, ainda mais nessa etapa de descobertas e de uma maior autonomia e independência.

                                       Márcia Maria dois Santos Solha
                                                dezembro/2010
                                                                                                                                                                                       

Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=ZTEpBtrQnzg

(2°) Vídeo-aula 15 - Sexualidade na escola




2°Módulo – Vídeo-aula 15: Sexualidade na escola

A Prof°Marisi Braz inicia enfatizando a importância de se trabalhar esse tema na escola.
Comenta as taxas de gravidez entre as adolescentes e que no Brasil 19.4% dos abortos ocorrem com adolescentes. Nos dois casos a região Norte tem o maior índice. E no primeiro caso, a região Sudeste tem o menor índice e no segundo, a região Sul tem o menor índice.

Ela apresenta o processo do desenvolvimento sexual seguindo o modelo de Freud:
Fases: oral, anal, fálica, de latência e genital.

E que a adolescência se encontra entre a infância e a fase adulta e o objetivo é a identidade individual e autonomia deste indivíduo.
Já a puberdade, o objetivo final é o desenvolvimento da função reprodutora

Adolescência:
Três lutos:
Luto pela perda do corpo infantil
Luto pela perda dos pais da infância
Luto pela perda da identidade e do papel sócio familiar infantil.

1°Fase:
Início – 11 a 13 anos para as meninas e 12 a 14 anos para os meninos.
Transformações físicas e fisiológicas (sexuais)
Questão central (normalidade)
Imagem corporal
Diferenças sexuais
Redefinição dos modelos de relacionamento (grupo de sexo oposto; melhor amigo do mesmo sexo).

2°Fase:
Meio da adolescência
Meninas – 13 a 16 anos / Meninos – 14 a 17 anos
Marcada pelas últimas transformações físicas
Assimilação harmoniosa do papel pessoal, familiar e social.
Conquista de um lugar
Novo papel enquanto sujeito
Conflito entre o desejo de independência e a necessidade da dependência

Fim da adolescência:
17 aos 21 anos ou...
Ocorre após a consolidação da última etapa do desenvolvimento físico
Identidade sexual
Relacionamento íntimo
Identidade de adulto
Identidade material

A masturbação é elemento integrante da sexualidade.
Culturalmente, no Brasil, quanto mais cedo o menino perde a virgindade, melhor. Já para as meninas a virgindade preservada é muito estimulada.

Iniciação sexual: rito de passagem entre infância, adolescência e juventude.
Média: sexo masculino – 13,9 anos / sexo feminino – 15,1

Diversidade sexual – homossexualidade deixou de ser considerado transtorno mental em 1973.

Relação sexual forçada : não se limita ao ato sexual e é mais abrangente que a violência sexual.
15% das meninas – e é provocada por amigos ou por homem da família.
2% dos meninos – e a maioria das vezes por meninas e não por adultos.

93% dos adolescentes declararam atração pelo sexo oposto.
Já 5,8% dos meninos e  6,4% das meninas declararam atração pelo mesmo sexo.

Uma pesquisa realizada na França (1998) sobre relações exclusivas homossexuais
levantou:
3 a 6% dos meninos e 1 a 2% das meninas.
Relações bissexuais são raras: 1%.

E tanto a Prof°Marisi quanto o Prof°Li Li Min enfatizaram a importância de se discutir sexualidade na escola.
A  passagem do adolescente à idade adulta de forma saudável se dá através:
-do acesso à informação
-discussão de sexualidade e afetividade
-acesso ao sexo seguro com o uso de preservativos e de métodos contraceptivos.

                                    Márcia Maria dos Santos Solha
                                              dezembro/2010

(2°) Vídeo-aula 14 - A dimensão afetiva na construção de valores

                     



2°Módulo – Vídeo-aula 14: A dimensão afetiva na construção de valores
“...Porém, construir conhecimento e desenvolver potencialidades ainda não bastam para termos um mundo melhor. Um procedimento de educação baseado somente nesses dois aspectos pode ainda gerar “genialidades”voltadas para a destruição.
...Uma visão ampliada de conhecimento nos faz perceber que não basta saber, é preciso viver o que se sabe e saber o que se vive. Essa é a trajetória de uma ação educativa que prevê o contato com as nossas potencialidades de forma criativa e harmônica, desenvolvendo nossas competências em conhecer e expressar aquilo que verdadeiramente somos.
...Estar em paz consigo mesmo é conseguir encontrar um fio condutor coerente e harmônico entre o que somos, sentimos, pensamos e fazemos. Estar em paz com os outros é reconhecer no outro um ser humano que, assim como eu, busca a felicidade e a auto-realização. Estar em paz com a natureza é sentir-se parte integrante da vida. È viver e deixar viver.
...A paz não é um estado de espírito. É uma atuação concreta, clara, límpida e transparente que reflete a nossa disposição de lidar com a complexidade e a diversidade.”                               Regina de Fátima Migliori

A Prof° Viviane Pinheiro nesta vídeo-aula enfoca a questão da afetividade na construção de valores e para isso, apresenta duas concepções sobre o papel da afetividade na moralidade, na construção de valores.
1°Concepção – de Jean Piaget:
A afetividade como fonte de energia para a cognição. Entendendo a cognição com o  motor do carro e a afetividade como a gasolina. Sendo que esta, a afetividade, não altera a estrutura, que é a cognição, mas ajuda como fonte energética.
2°Concepção – de Mario Carretero:
A afetividade é tão importante quanto a cognição, tanto uma como a outra têm gasolina, como motor (motivação e estrutura).
E enfatiza que a afetividade é um dos aspectos organizativos do psiquismo humano, assim como o sócio-cultural, o físico e o cognitivo, como vimos no esquema criado pelo Prof°Ulisses Araújo sobre o sujeito psicológico.
Numa das pesquisas da Prof°Valéria Arantes, que a ProF°Viviane nos apresentou, também fica evidenciado isso: a afetividade não é só motivacional, também organiza o
psiquismo humano.

E a Prof°Viviane apresentou dois quadros onde ela fala sobre os sentimentos de vergonha e culpa. No primeiro, nos mostra o que os diferencia, e no segundo, em que eles se assemelham.
Aspectos que os diferenciam:
              Vergonha                                                               Culpa
-relaciona-se à forma como o  outro me vê    -relaciona-se à nossa avaliação
-desejo de se esconder ou escapar                -desejo de confessar, me desculpar

Aspectos que os relacionam:
-são sentimentos morais.
-tidos como emoções negativas.
-são atribuições internas, mas vivenciadas nas relações interpessoais.
-emergem da regulação dos valores morais.

Depois nos mostrou uma pesquisa feita por ela onde ficou comprovado, através de algumas situações apresentadas, que quando o sujeito mobilizava os sentimentos de culpa e vergonha é porque tinha o valor de generosidade, e que portanto, o valor generosidade não compareceu quando os sentimentos de vergonha e culpa não compareceram.
Numa outra situação apresentada para o sujeito, foi concluído que se ele se sentiu envergonhado é porque tem o valor da coragem.

E finaliza a vídeo-aula nos dando as seguintes sugestões:
“1°Os sentimentos devem ser objetos de conhecimento, de reflexão na escola e, portanto, devem ser explicitados.
2°Não minimizar vínculos afetivos.
3°Respeito à diversidade a partir da tolerância, regulado pelos sentimentos morais.
4°Promoção de um ambiente mais saudável e feliz, em que os sentimentos positivos levem à resolução de conflitos morais para um mundo mais justo e solidário. Isto é, que a gente proporcione que os alunos tenham essas influências positivas, para que, também, resolvam os seus conflitos de uma forma mais justa, mais solidária e que os seus valores sejam construídos proporcionando que a nossa sociedade seja mais harmoniosa”.
  
                                    Márcia Maria dos Santos Solha
                                              novembro/2010

(2°) Vídeo-aula 13 - Dimensões constitutivas do sujeito


2°Módulo – Vídeo-aula 13: Dimensões constitutivas do sujeito psicológico
Nessa vídeo-aula o Prof°Ulisses busca aprofundar a questão:
Quem somos nós ?
Quem é o aluno que a gente lida ?
E traz uma explicação mais complexa e mais completa deixando de lado as teorias que reduzem o ser humano a um dos seus aspectos constitutivos.

Comenta que o sujeito psicológico se constitue na interação com o meio.
E apresenta as quatro dimensões constitutivas do sujeito psicológic:
-Biológica: o nosso organismo, o nosso corpo.
-Afetiva: afetos, sentimentos, emoções.
-Cognitiva: inteligência, parte intelectual.
-Sócio-cultural: aspecto da cultura.
Sendo que essas quatro dimensões interagem entre si e com o meio, influenciam umas às outras e são influenciadas pelo meio, e também o influenciam.

E com isso o Prof° Ulisses quer nos sensibilizar, nos conscientizar a considerar a totalidade desse sujeito, o aluno, que tem oscilações no seu comportamento, como nós também, mediante a complexidade das interações entre as quatro dimensões e o meio, amenizando, assim,  a leitura determinista que costumamos fazer.

E comenta:
“Isso ajuda a entender o processo de construção de valores; e até mesmo o comportamento de indisciplina. É preciso olhar para cada aluno como sujeitos complexos e considerar a sua totalidade, olhando-o de maneira diferenciada.”

                                     Márcia Maria dos Santos Solha
                                               novembro/2010


(2°) Vídeo-aula 12 - Retardo mental e Autismo

2°Módulo – Vídeo-aula 12: Retardo Mental e Autismo






No livro: “O desenvolvimento social da criança e do adolescente” de Berthe Reymond-Rivier,  encontra-se essa citação que escolhi para iniciar esse trabalho:

“O homem é um ser social. Por mais longe que se retroceda no tempo, vemo-lo sempre procurar a companhia dos seus semelhantes e viver em grupo.
...Casos bem reais, cientificamente estudados, dos quais um dos mais célebres é o do Kasper Hauser de Nuremberg, mostram que isolado e privado da presença do outro, o ser não adquire nenhum dos traços que caracterizam a natureza humana, e se torna uma espécie de monstro. Nas regiões da Índia onde os casos de crianças-lobos foram relativamente numerosos, descobriram-se em 1920 duas meninas – Amala e Kamala -- que viviam numa família de lobos. A primeira, a mais nova, morreu um ano depois; a segunda, Kamala, que deveria ter uns 8 anos, viveu até fins de 1929. Segundo a descrição do Reverendo Singh que as recolheu, elas nada tinham de humano, e o seu comportamento era exatamente semelhante ao dos pequenos lobos, seus irmãos.
...O bispo Pakenham Walsh, que viu Kamala seis anos depois de ter sido encontrada, a criança não tomava qualquer iniciativa de contato, nunca utilizava espontaneamente as palavras que aprendera e, especialmente, mergulhava numa atitude de total indiferença, mal as pessoas deixavam de a solicitar:
“ela sorria docemente quando lhe falavam, mas logo depois, o seu rosto retomava uma expressão ininteligente; quando a deixavam sozinha, retirava-se para o canto mais escuro da sala, acocorava-se e permanecia absolutamente indiferente e inexpressiva. A criança experimentava afeição pela Senhora Singh e obedecia docilmente aos seus conselhos durante todo o tempo em que a vi. Não se interessava por nada, de nada tinha medo, desinteressava-se completamente das outras crianças e dos seus jogos. Caminhava em posição ereta, mas era incapaz de correr”.
Bruno Bettelheim, donde retiramos esta citação (do livro “A Fortaleza Vazia”), declarou-se contra o que ele chama o “mito das crianças-lobos”. Não contesta a pertinência da descrição de Singh; pelo contrário, as analogias, para não dizer a identidade das reações e dos comportamentos de Amala e de Kamala com os das crianças autistas com as quais lidava, convenceram-no de que as duas meninas eram autênticos casos de autismo infantil. Por outras palavras, o que este autor põe em dúvida é a interpretação do seu comportamento em função de uma pretensa origem selvagem. São, diz ele, crianças abandonadas pelos pais e que em virtude dessa carência afetiva total, sucumbiram ao autismo, quaisquer que tenham sido, aliás, as condições que asseguraram a sua sobrevivência; o que significa que o comportamento “animal” de Amala e de  Kamala é devido não ao fato de elas terem vivido entre lobos (o que Bettelheim põe em dúvida sem formalmente o contestar), mas de terem sido privadas dos pais. Na realidade, justa ou falsa, a refutação de Bettelheim em nada enfraquece, antes pelo contrário, a importância crucial do meio humano.”

No rodapé da página onde consta esse último parágrafo traz a seguinte informação:
“A etiologia do autismo está ainda em discussão, mas parece que na origem se encontra sempre uma rejeição total (por vezes desde a nascença) da criança pela mãe, “condição necessária mas não suficiente”, escreve Bettelheim, para a eclosão da perturbação. Para um conhecimento mais aprofundado, consulte a obra já citada do autor, “A Fortaleza Vazia”, consagrada inteiramente ao autismo.”

Violet Oaklander em seu livro : “Descobrindo crianças – a abordagem gestáltica com crianças e adolescentes” comenta:
“Parece que as linhas-mestras que uso com crianças mais normais também se aplicam a crianças autistas. Comece onde a criança está. Fique com a criança. Receba pistas da criança. Esteja alerta para o processo dela e para os interesses dela (e não os seus). Traga-a sempre de novo para sua consciência de si mesma, oferecendo muitas atividades sensoriais tais como brincar com água, pintar com os dedos, brincar com areia, e trabalhar com argila. Cathy Saliba descreve que leva as crianças para a praia, onde podem sentir o cheiro do mar, ver, sentir, rolar na água e na areia, sentir o sol e o ar livre. O trabalho corporal é essencial – usar colchões, aplicar massagens, “lutar” com as crianças e encorajá-las a lutar entre si, usar uma rede de acrobata e outros equipamentos de playground. Estas crianças precisam de muitas oportunidades de experienciar o uso controlado de seus corpos.
...Cathy Saliba descobriu, após trabalhar algum tempo com tais crianças, que elas tornavam suas necessidades conhecidas prontamente, mas o faziam de maneira que passavam facilmente despercebidas:...Até aquele primeiro dia em que Sean demonstrou um interesse pelo espelho, eu planejava o que cada aluno ia fazer durante as minhas primeiras horas de contato com ele. ...Eu acreditava que crianças autistas precisavam de muita estrutura e, em essência, exigia delas que executassem o que, quando, como, onde e em que medida, aquilo que eu julgava que necessitavam todo dia. Quando permiti a Sean ficar aquele tempo diante do espelho, estava recebendo uma pista dele, que dizia: “Êi, eu quero estudar o meu reflexo, e eu gosto de fazer isso”. Daí por diante, fui capaz de me abrir o suficiente para ver que Sean podia tornar conhecidos outros desejos e necessidades . Na verdade, bastava eu me permitir ver e responder às pisatas, em vez de sempre impor as minhas próprias exigências.
E Violet complementa:
“E assim Cathy Saliba começou a experimentar “ficar” com as crianças, e descobriu, através deste método, que muita aprendizagem tinha lugar.
...Merilyn Malek experimentou uma abordagem semelhante à de Saliba. Ela também descobriu que ficar com o processo da criança em vez de impor atividades prescritas trazia recompensas muito mais gratificantes.
E Violet conclui:
“O aspecto mais importante de tudo isso é familiarizar a criança consigo mesma, um passo necessário antes que possa ser estabelecido um contato maior com seus colegas, pais, professores e ambiente. Tanto Saliba quanto Malek descobriram que quanto mais as crianças entravam em contato consigo mesmas – seus sentidos, seus corpos -, quanto mais ocorria a autodescoberta, mais calmas estas crianças ficavam. Os movimentos frenéticos desapareciam e a auto-estimulação desnorteada se reduzia. (Saliba fala de visitantes que entraram na classe e alegaram que as crianças não eram realmente autistas, pois o “comportamento autista” tinha diminuído acentuadamente.) Essas crianças  estavam começando a aprender; estavam se relacionando mutuamente a e com seus professores muito mais do que antes.”

Essas citações de dois autores, apesar de falarem mais diretamente de crianças autistas, cabem também ao outro tema a que se refere esse trabalho, que é o retardo mental.
Independente das limitações que tenhamos, o contato com o meio; a acolhida, a dedicação e o amor  dos pais ou cuidadores; os estímulos, incentivos que recebemos na família e depois na escola, de pessoas que acreditam em nosso potencial (em qualquer nível que seja) e permitam que nos expressamos, são fundamentais para o nosso desenvolvimento e a nossa saúde (física, mental e social).

E Violet Oaklander conclui em seu livro: “Quando penso na minha relação com crianças durante toda a minha vida – lembrando-me de como é ser criança, trabalhar em centros de recreação, ser estagiária como professora, e depois professora, trabalhar com crianças emocionalmente perturbadas (aquelas que são abertamente reconhecidas e rotuladas como portadoras de problemas), e fazer terapia com crianças em atendimento particular, recordo-me de muitos, muitos incidentes, estórias que poderia contar, que até hoje me fazem rir e chorar.
...Percebo agora que aprendi a trabalhar com crianças com as próprias crianças, inclusive comigo mesma quando criança !
...As crianças são os nossos melhores mestres. Elas já sabem como crescer, como se desenvolver, como aprender, como expandir-se e descobrir, como sentir, rir, chorar, enfurecer-se, o que está certo para elas e o que não está certo para elas, o que necessitam. Elas já sabem como amar e ser alegres, como viver plenamente a vida, como trabalhar e ser fortes e cheias de energia.
Todas elas (bem como as crianças dentro de nós) precisam de espaço para fazê-lo.”

A Prof°Paula Fernandes nessa vídeo-aula trouxe as seguintes definições:

Retardo mental:
Pessoas com habilidade intelectual abaixo da média.
Início do déficit antes dos 18 anos.
E tem como conseqüências: problemas no funcionamento diário, na comunicação, na interação social, nas habilidades motoras, nos cuidados pessoais e na vida acadêmica.
A prevalência é de 1 a 2% da população geral.
E há três tipos: leve, moderado e grave.

O que fazer:
-Identificação precoce
-Tratamento
-Treino de habilidades sociais, estímulos favoráveis
-Informação e treinamento de pais, familiares e professores
E na escola: máxima estimulação possível

Autismo / Traços autistas:
Transtorno invasivo do desenvolvimento trazendo prejuízos na interação social, atraso na aquisição da linguagem e comportamentos esteriotipados e repetitivos.
Incidência: aproximadamente de 2 a 5 casos por 10 mil crianças.
Mais comum em meninos.
Amplo espectro, que vai desde traços apenas, até o autismo mais grave.

Características:
-Identificado com dois anos e meio, não fala, resiste aos cuidados paternos e não interage.
-Bebês evitam contato visual, sem interesse na voz humana, indiferentes ao afeto.
-Crianças não seguem os pais pela casa, não tem interesse em brincar com outras crianças.
-Interesse por brincadeiras esteriotipadas: movimento da roda do carrinho, cheirar e lamber objetos, bater palmas e levar o corpo para frente e para trás.
-Fascinação por luzes, sons e movimentos.
-Incomoda-se com mudanças na sua rotina diária.
-Inteligência e linguagem comprometidas.

O que fazer na escola:
-Tratamento individualizado
-Intervenções conjuntas: educação especial, aconselhamento de pais, terapia comportamental, treino das habilidades sociais, medicações para melhorar a qualidade de vida e a adaptação da criança.
-45% das crianças com autismo tem uma comunicação verbal boa conseguida através de uma educação direcionada

E a Prof°Paula encerra nos lançando a reflexão:
Como você, professor, lida com essas crianças ?
Como a sua escola promove a inclusão social dessas crianças ?

Com as citações dos autores que utilizei, e com as informações da vídeo-aula, temos muito por fazer por essas crianças e adolescentes, ou em qualquer outra fase da vida.

                                        Márcia Maria dos Santos Solha
                                                Dezembro/2010

Vídeo: O que é o autismo ?
http://www.youtube.com/watch?v=eHbC5n9AVQQ

(2°) Vídeo-aula 11 - Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

2°Módulo – Vídeo-aula 11: Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)




"Que há um sol nascente avermelhando o céu escuro,
Chamando os homens pro seu tempo de viver.
E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem...
E que o passado abra os presentes pro futuro.
Que não dormiu e preparou:  o amanhecer"
                                                          Taiguara


Começo o trabalho sobre esse tema com uma citação de Violet Oaklander, presente em seu livro - “Descobrindo Crianças – a abordagem gestáltica com crianças e adolescentes” :

“Há muita controvérsia em torno da causa e do tratamento do comportamento hiperativo. Todo mundo por certo concorda acerca da conduta manifesta de uma criança hiperativa.
Os médicos prescrevem prontamente medicamentos para acalmar a criança hiperativa. Ocasionalmente tenho visto crianças que, em virtude da sua ingestão diária de pílulas, são capazes de ficar sentadas o tempo suficiente para aprenderem a ler um pouco; ou foram tornadas tão dóceis que aparentam estar passando por uma reversão de personalidade. ...A criança assim tratada não adquire nenhuma força interior própria para poder lidar com seu mundo. Ela usa as pílulas como muleta, e às vezes como instrumento de manipulação: “Me dê as pílulas para eu poder ficar bonzinho”.
Também é assustador especular sobre os danos fisiológicos que podem resultar de tais drogas.
...Crianças que apresentam qualquer um dos vários sintomas hiperativos, ou todos eles, muitas vezes estão simplesmente evitando sentimentos dolorosos. Uma criança incapaz ou não-disposta a exprimir sentimentos contidos, certamente pode ter dificuldade em ficar sentada, prestar atenção, concentrar-se – e não ter nenhuma dificuldade motora ou percepcional com base neurológica.
...Jody, 5 anos, era um exemplo típico deste tipo de criança. Foi diagnosticado como hiperativo e estava tomando 10 miligramas de Ritalin por dia. Sua mãe relatou que embora já estivesse sob essa medicação por mais de um ano, sua hiperatividade não havia diminuído.
...Queria que Jody experienciasse o seu próprio poder. Uma vez sentindo-se livre para fazê-lo dentro dos limites seguros do meu consultório, começou a carregar esses sentimentos de poder para casa. Começou a manifestar muito mais diretamente para mim e para sua mãe algumas coisas que o estavam deixando zangado ou com medo. Sua mãe contou que finalmente ele estava ficando mais calmo e mais fácil de conviver.
...Pelo fato de se distraírem facilmente, e muitas vezes ficarem confusas pelos estímulos, essas crianças têm uma grande necessidade de experienciar uma volta ao senso de si próprias. Acredito que qualquer experiência tátil e cinestésica promove uma nova e mais forte consciência do eu e do corpo. Com um aumento de consciência de si mesmo, surge uma nova consciência dos sentimentos, pensamentos e idéias.
...Uma vez que tocar e fazer movimentos musculares parecem ser coisas úteis para aumentar o senso de eu da criança, e também possuem um efeito calmante, parece-me natural que a massagem possa beneficiar grandemente uma criança hiperativa. ...Desde então tenho sugerido aos pais que massageiem seus filhos. Existem muitos livros para leigos.
...Dou grande importância aos métodos de proporcionar à criança hiperativa meios de fixar em si mesma. À medida que seu senso de eu se torna mais aguçado, ela pode começar a exercer o controle interno que tantas vezes parece estar faltando.
...Finalmente quero enfatizar a profunda importância da escolha. Todas as crianças precisam experienciar a tomada de decisão; especialmente as crianças hiperativas precisam de oportunidade de exercitar sua vontade e julgamento de modo positivo. Fazer escolhas requer um senso de eu; é preciso sintonizar o próprio pensamento e sentimento para tomar uma decisão. Assumir a responsabilidade por uma escolha é uma experiência de aprendizagem. ...Escolhas aparentemente simples muitas vezes não são fáceis para esta criança fazer, mas creio ser essencial que lhe sejam dadas muitas oportunidades de tomada de decisão. Não consigo pensar em nada melhor para reforçar o eu da criança.”

Escolhi esse trecho do livro da psicoterapeuta Violet Oaklander, pois está alinhado ao que penso, acredito e que foi reforçado ao assistir a duas palestras  do 1°Seminário Internacional:  A Educação Medicalizada – Dislexia, TDAH e outros supostos transtornos.
Numa delas a Dra Maria Aparecida Afonso Moisés – médica da UNICAMP, denuncia a medicalização da Educação e fala:
“A medicalização é uma nova maneira de controle social. É um novo modo de vigiar e punir. Uniformizados, padronizados, submetidos, quimicamente asujeitados, são objetos.
Ou nós nos deixamos cooptar ou nos colocamos em defesa das crianças e da vida.
Medicalizar desconstrói direitos, não há direitos na natureza, ali se dá a lei do mais forte. Direitos, equidades são conquistas. Quando eu medicalizo eu naturalizo.
Doenças que não foram comprovadas cientificamente, o diagnóstico me torna doente e incapaz ?”
E enfatiza:
“Não há evidência que existe a doença (TDAH), não está cientificamente comprovado.
Isso é norma social, não é critério de doença. Não há embasamento científico. E as famílias são aprissionadas pelo diagnóstico.”

E a criança, rotulada.

Faz críticas muito pertinentes aos medicamentos prescritos às crianças e apresenta detalhadamente os perigos e os efeitos deletérios ao organismo e ao desenvolvimento.
E uma das questões levantadas foi:
Que sociedade é essa que quer a pessoa focada ?
A que custo esse foco de atenção ?
E faz citação a um texto : “Os vendedores de doença” de dois escritores americanos, Ray Moynihan e Alan Cassels, (se encontra no google) que falam como criar novas demandas na sociedade.
E a Dra Maria Aparecida brilhantemente encerra a sua fala dizendo que é disso que estamos falando (“vendedores de doenças) e também de controle social.
Isto é, cria-se novas demandas para incrementar o consumo de medicamentos e para “anestesiar” os que incomodam, para que as pessoas se “formatem” para se adequar e ser mantido o status quo.
E esse controle se dá de forma silenciosa, autorizada pela autoridade médica, escolar...
Como não se tem mais os hospitais psiquiátricos para afastar da sociedade os que  tem um comportamento que foge da “normalidade”, se consegue a "normalidade" pela química.
Porém, como já vimos na vídeo-aula sobre Substâncias Psicoativas; tanto as ilícitas, quanto as lícitas causam um grande dano para o organismo e até mesmo irreversíveis; o mesmo está se dando com essas crianças a que são prescritas ritalina e outros, conforme demonstrou a Dra Maria Aparecida.
Que sociedade é essa que está se apoiando na “felicidade química”, na “calma química”, na “atenção química”,  etc...
Só pode ser em nome do consumo de medicamentos e do controle social. E que para isso diagnostica, rotula, segrega...
Como educadores, de que lado nos posicionamos ?

Coloquei o link do CRP (Conselho Regional de Psicologia), que juntamente com a UNIP promoveu o Seminário para que, caso haja interesse, se possa solicitar o acesso às palestras:
http://www.crpsp.org.br/portal/midia/fiquedeolho_ver.aspx?id=292

Deixei, também, o endereço do blog da Carmem Fidalgo, psicopedagoga.
Ela também participou do Seminário,  postou o resumo de algumas palestras e,  gentilmente, compartilhou informações.
carmemfidalgo.blogspot.com

                                          Márcia Maria dos Santos Solha
                                                        Dezembro/2010