domingo, 26 de setembro de 2010

Vídeo-aula 6: Temas transversais em educação

Vídeo aula 6: Temas transversais em educação


 Para iniciar a reflexão da vídeo-aula 5 apresentada pela Prof° Valéria, utilizarei algumas citações de Marilyn Ferguson,  presentes em sua obra: “A Conspiração Aquariana” por se alinharem ao que foi dito e por ampliarem, aprofundarem o significado do papel do profissional que atua na escola; da importância de contexto e conexões; e especialmente, sobre redes :

“As escolas são um efeito da maneira como pensamos – e podemos mudar a maneira como pensamos.

...O significado emerge do contexto e das conexões. Sem um contexto, nada faz sentido. O cérebro direito, com seu dom de ver padrões e totalidades, é essencial para a compreensão do contexto, para detectar o significado.

“Aprender a aprender” inclui aprender a ver a relação entre as coisas. “Infelizmente, nossas escolas não ajudam”, observou o antropólogo Edward Hall, “porque de forma sistemática elas nos ensinam a NÃO estabelecer conexões.

Contexto: literalmente, “o que é tecido junto”. Estamos na atualidade examinando a ecologia de tudo, percebendo que as coisas somente fazem sentido com relação a outras coisas. Do mesmo modo como a medicina começou a pesquisar o contexto da doença, o meio e não apenas os sintomas, a educação está começando a tomar conhecimento de que as interligações daquilo que conhecemos, da rede, de pertinência, é mais importante do que mero conteúdo. O conteúdo é relativamente fácil de ser dominado, depois de enquadrado em um modelo.

...Os elementos do mundo só podem ser compreendidos em termos de totalidade, como nossos melhores pensadores não se cansam de tentar nos dizer. “A natureza é uma unidade maravilhosa”, disse Albert Szent Gyorgyi: “Ela não está dividida em física, química, mecânica quântica...”

Kenneth Boulding, economista e presidente da Associação Americana para o Progresso da Ciência, se referiu à “profunda reorganização e reestruturação do conhecimento” que se está efetuando em nossa época: “As velhas fronteiras estão desmoronando em todas as direções. “Observem que ele se referiu à reestruturação, e não a acréscimos. O que está mudando é o modelo e a forma daquilo que conhecemos.

As pessoas devem aprender a acomodar “o cérebro completo em um mundo completo” disse Joseph Meeker, falando do que ele denominou de “educação ambidestra”.

E sobre redes Marilyn Ferguson também comenta:

“Enquanto a maioria de nossas instituições vem falhando, surgiu uma  versão contemporânea da velha relação tribal de parentesco: a rede, um instrumento para o próximo passo na evolução humana.

Ampliada pelas comunicações eletrônicas, liberada das velhas restrições da família e da cultura, a rede é o antídoto para a alienação. Ela gera poder suficiente para reformular a sociedade.

A rede é a instituição de nossa época: um sistema aberto, uma estrutura dissipadora tão ricamente coerente que está em constante fluxo, pronta para ser reorganizada, capaz de uma transformação sem fim.

Este modelo orgânico de organização social presta-se a uma melhor adaptação biológica, é mais eficiente e mais “consciente” do que as estruturas hierárquicas da civilização moderna. A rede é plástica, flexível. Na realidade, cada membro é o centro da rede.

As redes são cooperativas, e não competitivas.Sua trama é como as raízes da grama: autogeradora, auto-organizadora, por vezes até autodestruidora. Representam um processo, uma jornada, não uma estrutura cristalizada. Qualquer que seja sua finalidade declarada, a função da maior parte dessas redes é o apoio mútuo e o enriquecimento, o fortalecimento do indivíduo e a cooperação para efetuar a transformação. A maioria visa a um mundo mais humano e hospitaleiro.

A rede é uma matriz para a exploração pessoal e a ação de grupo, a autonomia e o relacionamento. Paradoxalmente a rede é ao mesmo tempo íntima e ampla. Diferentemente das organizações verticais, pode manter sua qualidade pessoal ou local, mesmo enquanto cresce. Não há necessidade de que se escolha entre o envolvimento em sua comunidade ou em uma escala global. Pode-se ter ambas.

As redes são uma estratégia através da qual pequenos grupos podem transformar uma sociedade inteira. Gandhi se valeu de coalizões para levar a Índia à independência. Ele denominava “unidades de agrupamento”a essas coalizões, e as considerava essenciais ao êxito.”O círculo de unidades grupadas por essa forma sempre se ampliará em circunferência, até finalmente vir a abranger o mundo todo”A profecia de Edward Carpenter na virada do século falava da ligação e da superposição de redes para criar “a sociedade livre e completa”.

José Arguelles, historiador de arte, comparou tais redes á força biológica da sintropia – a tendência da energia da vida no sentido de aumentar sempre a associação, a comunicação, a cooperação e a percepção. A rede é como um corpo-mente coletivo, sugeriu ele, como os hemisférios direito e esquerdo do cérebro, intelecto e intuição. “A rede é profundamente liberadora. O indivíduo está no centro.”

Comparar a rede com o sistema nervoso do homem é mais do que uma metáfora conveniente. Em um sentido muito real, o cérebro e uma rede operam de forma similar. O cérebro exige mais coalescência do que hierarquia em sua estrutura. O significado é gerado no cérebro por modelos dinâmicos, pela coalizão de grupos de neurônios e a interação entre os grupos. O poder no cérebro é descentralizado.

A sinergia, a energia suplementar que resulta da cooperação nos sistemas naturais, ali está também, ao nosso alcance.”

“A conspiração aquariana” – Marilyn Ferguson
Ao abordar Temas Transversais em Educação,  a Prof° Valéria falou que há  duas concepçõesdiferentes de promover a transversalidade e dentro delas há diferentes formas de se colocar em prática efetivamente.

Quanto às duas concepções:

Na primeira a escola continua organizada ao redor das disciplinas tradicionais e, portanto, as disciplinas são o eixo vertebrador do currículo.

Dentro desse modelo as práticas possíveis:

1-Atividades pontuais. Ex. semana de saúde/ prevenção às drogas.

2-Disciplinas, palestras e assessorias sobre temas transversais. Ex. criar uma disciplina de Ética.

3-Oferecimento de projetos interdisciplinares sobre temas transversais. Ex. materiais produzidos por ONGs onde todos os professores irão trabalhar em sua disciplina.

4-A transversalidade deve estar incorporada nas próprias disciplinas.

5-A transversalidade é trabalhada como currículo oculto. Ex. as temáticas cidadania e educação em valores são trabalhadas quando surge uma oportunidade.

A crítica que se faz à essa concepção e a cada uma dessas práticas é que o objetivo maior da escola continua sendo o ensino das disciplinas, porém com um sinal de avanço, na medida em que inclui as temáticas.

Na segunda concepção ocorre uma mudança paradigmática importante, pois as disciplinas, os conteúdos tradicionais,  deixam de ser o eixo vertebrador do currículo, passando essa função para as temáticas transversais. Dessa forma os conteúdos tradicionais deixam de ser a “finalidade’ da educação e passam a ser concebidos como “meio” para se trabalhar os temas tranversais.

E a Prof°Valéria enfatiza : “As temáticas transversais são pontos de partida e pontos de chegada. As temáticas que objetivam a educação em valores tornam-se o eixo vertebrador do sistema educativo em torno dos quais serão trabalhados os conteúdos tradicionais”.

E ainda complementa: “ Defendemos que cada cultura, cada comunidade podem e devem eleger seus próprios temas, os mais importantes, os mais significativos. Ex. sentimentos e afetos, trânsito, saúde, etc...

São fundamentais estratégias que vão além da compartimentalização disciplinar. Estratégias que tirem a escola do seu isolamento conectando-a com o mundo externo”

E tanto a 1° como a 2°concepção estão dentro de um modelo de retas paralelas, onde ocorrem encontros casuais e as disciplinas não se articulam entre si. Então, a Prof° Valéria nos instiga, nos propõe a pensarmos numa nova metáfora para esse novo modelo que foi apresentado de transversalidade: Imagens de REDES, TEIAS, REDES NEURAIS.

Em seu livro: “Temas transversais e a estratégia de projetos” o Prof°Ulisses faz as seguintes citações sobre redes:

“Imaginemos um diagrama em rede, desenhado num espaço de representação. Ele é formado, num dado instante (...) por uma pluralidade de pontos (extremos) ligados por uma pluralidade de ramificações (caminhos) (...) Por definição, nenhum ponto é privilegiado em relação a um outro, nem univocamente subordinado a qualquer um (...) o mesmo se passa com os caminhos(...)”Machado, 1995, p.138

Uma outra característica da rede, apontada por Machado (p. 140), é que ela “(...) contrapõe-se diretamente à idéia de cadeia, de encadeamento lógico, de ordenação necessária, de linearidade na construção do conhecimento, com as determinações pedagógicas relacionadas com os pré-requisitos, as seriações, os planejamentos e as avaliações.”





                                                                  Márcia Maria dos Santos Solha
                                                                                          Setembro/2010

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