terça-feira, 5 de julho de 2011

(4°) Vídeo-aula 1 - A escola e as relações com a comunidade

4°Módulo – Vídeo-aula 1: A escola e as relações com a comunidade

Imediatamente depois do maternal, a criança de seis anos é “parafusada” numa cadeira dura para estudar palavrório durante horas e horas. Será por acaso que a criança em desenvolvimento, essa força da natureza, essa exploradora aventurosa, é mantida imóvel, petrificada, confinada, reduzida à contemplação das paredes, enquanto o sol brilha lá fora, obrigada a prender a bexiga e os intestinos, tantas horas por dia, exceto alguns minutos de recreio, durante anos? Haverá maneira melhor de aprender a submissão? Isso penetra por músculos, sentidos, tripas, nervos e neurônios...Trata-se de uma verdadeira lição de totalitarismo. A posição sentada é reconhecidamente nefasta para a postura e para a circulação... Faz séculos que vemos as crianças arrastando os pés embaixo das carteiras, entortando o corpo e pulando como rãs quando a sineta bate. Esse tipo de manifestação é atribuído à turbulência infantil: nunca à imobilidade insuportável imposta às crianças – a culpa é sempre da própria vítima. Não, não é um acaso. É um plano. Um plano desconhecido para os que o cumprem. Trata-se de domar. Domesticar fisicamente essa máquina fantástica de desejos e prazeres que é a criança”          
Christiane Rochefort (citação dessa autora presente no livro:”Cuidado,Escola !”)

O Prof°Ulisses Araujo iniciou nos lembrando que a escola foi inventada no século XVIII para ser fechada em quatro paredes e assim ela permanece até hoje, porém isso tem de mudar. E é sobre a necessidade da escola romper os seus muros, suas paredes e buscar se integrar com a comunidade que esta vídeo-aula tratará.
A escola necessita ampliar os espaços educativos, incorporando os recursos da cidade e, prioritariamente, de seu entorno no desenvolvimento de projetos que contemplem a comunidade como espaço de aprendizagem . Todas as ações, no entanto, devem considerar a escola, e seu currículo, como centro das ações.
Um exemplo próximo a isso é a escola aberta aos fins de semana. Porém os projetos ignoram o currículo da escola. É importante que estejam envolvidos, incluídos no currículo.
O entorno da escola, o bairro tem uma série de conteúdos que podem ser problematizados e levados para o dia a dia desses alunos.
E essa articulação entre escola e comunidade se dá em três níveis, em três movimentos complementares:
1-Para “fora” da escola: entender o entorno, o bairro como um espaço de aprendizagem. Existe uma série de conhecimentos, de situações físicas, sociais, interpessoais que podem ser objeto de estudo. E o Prof°Ulisses citou como exemplo um projeto que desenvolveu numa escola da zona norte onde foi feito um estudo do meio com foco em temáticas de cidadania. E ele ressaltou: “o conhecimento não está só no livro, nem na escola, pode estar no terreno  ao lado da escola ou ao lado da casa da pessoa. É preciso sair e registrar direcionando para a temática que eles estão estudando através de uma trilha no entorno da escola. Para o professor é uma oportunidade de conhecer a realidade de onde os alunos estudam e vivem. Com isso se pode reinventar a escola, reinventar essa relação do professor com o aluno e com a comunidade onde ela se insere e pensar nos objetivos da escola e objetivos da Educação vinculado com temáticas de cidadania: sexualidade, ambiental, etc...”
2-Para “dentro” da escola: é preciso trazer tudo isso para dentro do currículo, para dentro da sala de aula, das disciplinas, através da transversalidade e da pedagogia de projetos. E complementou: “assim a gente articula o currículo e não fica essa coisa  “esquizofrênica” com a escola aberta só nos fins de semana. E a chave disso é o protagonismo do aluno”
3-O protagonismo dos estudantes, que é a chave de todo esse processo: tanto em seu projeto político-pedagógico como em seu planejamento institucional, a escola precisa considerar a realização de projetos e ações que, ao mesmo tempo, promovam o acesso aos bens culturais exigidos pela sociedade contemporânea e garantam uma formação política aos jovens de modo a lhes permitir participar da vida social de forma mais crítica, dinâmica e autônoma. E cita alguns exemplos: campanha de limpeza das salas de aulas; rádio comunitária; boletim sobre ética e cidadania; jornal mural; peças de teatro; recreio permeado por música, dança.
E finaliza dizendo: “Dessa forma a escola não está  descontextualizada com aquilo que os alunos vivem no dia-a-dia, procura integrar no seu currículo o que está fora dela: cultura, dança e problemas sociais do seu entorno, no recreio e no currículo.”

                                           Márcia Maria dos Santos Solha
                                                        Julho/2011

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